“O que Leite fez é um escândalo”, indigna-se Paulo Pimenta

Deputado federal do PT aciona o MP contra Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, por autopromoção em documentário sobre as enchentes no estado

Gustavo Bezerra

Paulo Pimenta exige responsabilização pelo uso indevido de recursos públicos em vídeo institucional

“Leite debocha do povo do Rio Grande do Sul ao usar verba destinada à reconstrução do estado para autopromoção”. A frase é do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) e resume a indignação que motivou a ação protocolada por ele no Ministério Público Federal contra o governador do estado, Eduardo Leite (PSD). Segundo o parlamentar, Leite usou dinheiro público para se promover em um documentário que deveria homenagear os gaúchos e registrar o esforço coletivo diante da tragédia climática de 2024.

O alvo da denúncia é o filme “Todos Nós por Todos Nós”, lançado oficialmente pelo governo do Rio Grande do Sul para marcar um ano das enchentes que devastaram o estado. O governo diz que a produção, feita pela equipe da Secretaria de Comunicação, é um “registro histórico” e uma “prestação de contas à população”. Mas o que se vê é propaganda pessoal disfarçada de conteúdo institucional.

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Acinte

Segundo Paulo Pimenta, o vídeo tem 42 minutos de duração, dos quais 9 são inteiramente focados em Eduardo Leite, mais de 20% do tempo total. “O filme produzido para retratá-lo como herói da reconstrução do RS é um acinte e fere os princípios da impessoalidade e da legalidade”, declarou o deputado em postagem nas redes sociais. “Estamos tomando todas as medidas cabíveis para que ele seja responsabilizado”.

Além da ação de Pimenta no MPF, a bancada do PT na Assembleia Legislativa do RS também acionou o procurador-geral de Justiça do Estado. 

Em entrevista ao Jornal do PT, o deputado estadual Miguel Rossetto classificou o documentário como “peça de promoção pessoal” de Leite, que já se declarou pré-candidato à Presidência da República. “O que se vê nitidamente é uma publicidade cujo objetivo é promover nacionalmente a imagem do governador com vistas a 2026”, afirmou, antes de restabelecer a verdade sobre quem liderou o enfrentamento à tragédia. “O presidente Lula desde o início esteve presente, juntou todo o seu governo, constituiu um ministério extraordinário para dedicação direta aqui no estado […] O presidente Lula que governou de fato”.

Rossetto quer que a veiculação do documentário seja suspensa e que o secretário de Comunicação do estado preste esclarecimentos sobre o uso dos recursos públicos. Ele e outros deputados apontam ainda possível ato de improbidade administrativa, uma vez que a produção e exibição do filme teriam sido pagas com verbas que deveriam ser destinadas à reconstrução.

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Trailer nos cinemas

A polêmica cresceu após a exibição de um trailer do documentário nas salas de cinema do Rio Grande do Sul, também trazendo Eduardo Leite em destaque. Pimenta ironizou: “Imagina se eu, como ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, tivesse produzido um documentário comigo e com Lula sobre nossas ações no Rio Grande do Sul? O que Leite fez é um escândalo”.

Em nota, o governo estadual diz que não usou verbas da reconstrução na produção do vídeo. Segundo a Secretaria de Comunicação, os R$ 28 milhões citados por Pimenta se referem a uma campanha de retomada do turismo no estado e não ao documentário. A pasta afirma que todos os recursos usados na produção vieram do orçamento da Secom e que o trabalho foi feito por servidores públicos do próprio departamento de jornalismo.

Apesar da justificativa, a bancada do PT sustenta que o material tem claro viés eleitoral. “O documentário se chama Todos Nós por Todos Nós. Esta foi exatamente a ideia usada pelo então candidato Eduardo Leite na sua eleição aqui no estado”, afirmou Rossetto. “Além de ser vergonhoso e imoral, é grave do ponto de vista da impropriedade administrativa, da utilização de dinheiro público para a promoção e antecipação de campanha”. 

Para o Partido dos Trabalhadores, o uso da máquina pública para promover um projeto pessoal é inaceitável, especialmente em um momento tão delicado para o Rio Grande do Sul, ainda se reerguendo dos prejuízos da tragédia.

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Da Redação

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