Oposição prepara ofensiva para privatizar Petrobras
Dilma faz defesa da estatal e líder do PT acusa oposição de tramar a privatização do pré-sal
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Dilma Rousseff aproveitou a cerimônia de diplomação para deixar clara a posição do PT e do governo: a Petrobras não será privatizada. Ao lado do vice-presidente Michel Temer, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a presidente não tocou no assunto à toa. Está cada vez mais claro o movimento privatista por trás da escandalização diária das denúncias de corrupção na estatal.
“Toda vez que, no Brasil, se tentou condenar e desprestigiar o capital nacional, estavam tentando, na verdade, dilapidar o nosso maior patrimônio – nossa independência e nossa soberania”, disse Dilma.
Para o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), uma nova CPI da Petrobras, prometida pela oposição para fevereiro, só servirá como nuvem de fumaça para encobrir verdadeira intenção: usar as investigações e denúncias da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, como apelo à privatização da Petrobras.
Vicentinho lembra que empresa é detentora da maior riqueza nacional, o pré-sal, e, por isso, é cobiçada pelo capital internacional. “Está cada vez mais claro que a intenção (da oposição) não é só em apurar denúncias, mas o interesse de sempre pela Petrobras dos grandes grupos econômicos que desejam comprar a empresa”, afirma o deputado.
Por celular, direto da cerimônia de diplomação dos parlamentares eleitos na última eleição, realizada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP), na manhã de sexta-feira (19), Vicentinho avisou: “Querem desconstruir a Petrobras para tornar mais fácil a sua privatização”.
Desconstrução – Um ataque especulativo do mercado de capitais contra os papéis da estatal promoveu uma desvalorização de 60% da Petrobras esta semana na principal bolsa de valores do país, a de São Paulo.
Esse movimento depreciativo foi muito além da desvalorização, entre 10% e 20%, sofrida também pelas grandes empresas-irmãs do petróleo internacional. Todas perderam valor nas operações com papéis em bolsas estrangeiras.
A depreciação delas foi causada, no entanto, pela crise internacional do setor, motivada pela queda nos preços ao nível médio de US$ 60 o barril (aproximadamente R$ 160,00). A Petrobras, contudo, foi desvalorizada de três a cinco vezes mais – daí a reação de Dilma e das lideranças petistas no Congresso Nacional.
“Temos que saber apurar e saber punir, sem enfraquecer a Petrobras, sem diminuir a sua importância para o presente e para o futuro”, falou Dilma, no discurso de diplomação. “Temos que continuar acreditando na mais brasileira das nossas empresas, porque ela só poderá continuar servindo bem ao país se for cada vez mais brasileira”, destacou.
Dilma afirmou, ainda, que irá apostar na melhoria da governança da Petrobras, no modelo de partilha para o pré-sal e na exitosa política de conteúdo local.
Na contramão do discurso da presidenta, o candidato derrotado à Presidência, senador Aécio Neves (PSDB-MG), defende o fim do modelo de partilha, no qual a Petrobras funciona como parte obrigatória da exploração de todos os blocos licitados.
Durante os mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), do PSDB, os tucanos não só queriam privatizar a Petrobras, como tinham até um novo nome para a empresa: Petrobrax.
Outra liderança tucana, o ex-governador José Serra (SP), foi flagrado, em 2009, com conversa semelhante com executivo da petroleira americana Chevron. Em uma gravação em vídeo, Serra se compromete com a abertura do setor. A inconfidência foi divulgada pelo portal WikiLeaks, como parte do vazamento de informações sigilosas dos Estados Unidos e países aliados.
No modelo atual, implantado antes da criação da partilha pelo governo petista, a escolha do responsável pela exploração do pré-sal teria de ser via licitação, pela oferta da melhor proposta de preço.
Crise – A exploração de grandes estoques de óleo da Rússia, por exemplo, ou da Venezuela, só são viáveis economicamente com preços acima de US$ 100 o barril, segundo avaliações de agentes do mercado. Até mesmo o pré-sal sofre com a desvalorização do preço do petróleo, pois, para se viabilizar, necessitaria de preços próximos a US$ 80.
A ação depreciativa do valor da Petrobras pode ser, portanto, a fórmula encontrada pelos grandes países exportadores para inviabilizar estoques de concorrentes. Daí, a crise que atinge com maior intensidade economias como a russa, que tem grande dependência econômica do insumo essencial.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias