Padre João visita presídios e cobra providências sobre massacres
Petista também criticou parlamentares que incentivam chacina em penitenciárias: “bandido bom é bandido morto quando não se trata dos seus filhos’
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O deputado federal Padre João (PT-MG), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, interrompeu o recesso parlamentar para realizar uma série de reuniões em Manaus (AM), palco de uma das maiores chacinas do sistema prisional brasileiro no primeiro dia deste ano.
Pelo menos 56 presos foram mortos no período de 17 horas em disputas de grupos rivais dentro do Complexo Prisional Anísio Jobim (Compaj).
Na manhã desta terça-feira (10), o deputado se reuniu com familiares dos detidos. Descobriu que, ainda, muitas famílias não têm informações sobre o paradeiro de seus parentes.
“Eles não sabem se foram assassinados, se fugiram ou se estão em segurança. Não chega notícia alguma. O número de mortos ainda não está fechado”, afirmou, em entrevista à Agência PT.
À tarde, o parlamentar seguiu para o Compaj. Porém, foi negado o seu acesso aos presos. O governo do Amazonas afirmou, de acordo com Padre João, não garantir a segurança ao parlamentar, porque pode haver detentos armados. “Da minha parte não teria problema. Sendo liberado, iria para as celas”.
Ele criticou o poder público estadual e federal pela omissão no caso, “ou cumplicidade”, como definiu. Além disso, o deputado afirmou ter sido acesso, nesta semana, a um documento antigo dos presos assassinados relatando o perigo que corriam. “Ele pediram apoio para serem tirados de lá porque tinham certeza que seriam executados. Houve apelo dos próprios presos”.
Incentivo à violência
Padre João classificou como “absurdo” alguns deputados terem comemorado, de forma pública, a chacina de presos em Manaus. “Bandido bom é bandido morto quando não se trata deles, dos seus filhos e dos seus parentes”.
Após a visita a Manaus, o deputado irá, nesta quinta-feira (12), para o presídio de Boa Vista (RR), onde também ocorreu uma chacina em que ao menos 31 presos foram assassinados. O parlamentar se reunirá com familiares das vítimas, entidades de Direitos Humanos e com a governadora de Roraima, Suely Campos (PP).
Por Bruno Hoffmann, para a Agência PT de Notícias