Para Flora Izabel, governo Temer não tem visão de gênero

Deputada e vogal do PT defende necessidade de maior participação feminina na política e destaca as políticas públicas desenvolvidas para as piauienses

Djalma Batista/Gabinete Flora Izabel

No mês de comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a deputada estadual e vogal do PT (integrante da Comissão Executiva Nacional do PT) Flora Izabel ressalta a importância da luta contra os retrocessos do usurpador Michel Temer. Em entrevista à Agência PT, ela também relembra políticas desenvolvidas para as mulheres de seu estado, o Piauí.

“Não é possível imaginar um retrocesso que quer igualar o tempo de serviço da mulher com o dos homens. Temer reforçou que não tem visão de gênero”, diz Flora sobre a proposta de desmonte da Previdência, apresentada pelo governo golpista de Temer.

Flora ainda lembra que as mulheres têm jornada dupla e, além do trabalho, cuidam dos filhos e da família. “As mulheres do campo que trabalham no sol a pino então nem se fala. É um grande retrocesso. É negar tudo que sempre lutamos, já que nós queremos direitos baseados na nossa realidade”, critica.

Para ela, as mulheres conquistaram mais espaço na política, mas ainda não o suficiente. Mesmo sendo maioria na sociedade, os homens continuam ocupando a maioria dos cargos no Executivo, Legislativo e Judiciário.

“Nós, mulheres, temos assumido vários postos de comando, postos que antigamente eram exclusivos dos homens. Na política não pode ser diferente. Mais da metade da população brasileira é feminina, mas a participação na política ainda é pequena”, diz.

Flora ainda explica que “a política deve envolver todos os segmentos da sociedade e quando ela diminui o papel da mulher no setor, ela não é completa”. “Falta resposta a esse segmento, que é a maioria da população. E somos nós que implementamos políticas voltadas para o nosso sexo, como a política de saúde da mulher”.

Em defesa do direito das mulheres

Como vereadora e deputada estadual, Flora lutou fortemente no desenvolvimento de políticas para as mulheres.

“Eu fiz uma lei aqui no Piauí que garantiu seis meses de licença maternidade para as servidoras públicas. Se a OMS (Organização Mundial da Saúde) diz que a criança precisa mamar por seis meses para ficar sadia, essa mãe precisa ter tempo para se dedicar ao seu filho”, explica.

A Lei Complementar nº 84 foi aprovada em maio de 2007 e aumentou o período de licença maternidade de 120 para 180 dias para as servidoras públicas estaduais gestantes no Piauí.

Flora também propôs a lei nº 6421, que criou o Regime Especial de Atendimento para mulher vítima de violência nos serviços públicos de saúde, de referência em cirurgia plástica e atendimento psicoterápico, no Estado do Piauí.

“A grande maioria das mulheres que são vítimas de violência ficam com sequelas no rosto ou com queimaduras. E com essa lei, o SUS atende prioritariamente elas”, conta.

Outro destaque foi a criação da Casa Abrigo, em 2002, que atende as mulheres agredidas pelos companheiros e que não têm para onde ir.

Outras leis de destaque

-Lei que obriga a realização do Teste do Pezinho nos recém-nascidos nas maternidades e hospitais públicos. (Lei Ordinária Nº 5.432, de 29/12/2004)

-Lei de Combate à Discriminação por orientação sexual no Piauí. (Lei Ordinária Nº 5.431 de 29/12/2004)

-Lei que atualizou o Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher do Piauí incluindo mulheres negras, prostitutas, mulheres com deficiências, lésbicas e portadoras de patologias específicas. (Lei 5.596 de 1 de agosto de 2006)

– Lei que criou a Política Estadual de Prevenção e Atendimento à Criança e às Adolescentes Grávidas. (Lei 5.989, de 10 de março de 2010)

-Lei que obriga a realização do exame de ecocardiografia fetal nas gestantes. (Lei 6.515, de 18 de março de 2014).

-Projeto de lei que cria as Patrulhas Maria da Penha da Polícia Militar no Estado do Piauí. Já aprovado e enviado para o governador Wellington Dias.

8 de março

No Dia da Mulher, milhares foram às ruas contra os retrocessos de Temer e, no Piauí, não foi diferente. Flora destaca o engajamento das piauienses que vieram do campo para protestar e destaca que a luta é permanente.

Mulheres do campo também participaram do encontro na Assembleia

“No Piauí, fizemos uma sessão solene com uma grande participação de mulheres do campo, que saíram de 600 km de distância para vir até daqui. E, assim, elas também tiveram a oportunidade de falar sobre o desmonte da Previdência”.

Mulheres no 6º Congresso Nacional

Para a deputada, as mulheres petistas têm forte atuação e engajamento no Partido dos Trabalhadores. “O PT é um partido que se diferencia dos outros, porque a organização interna das mulheres é muito forte”.

Ela explica que “são mulheres que vieram dos movimentos sociais e sindicais e que dentro do PT fazem uma política diferenciada: uma política forte e combativa”. “E o debate de gênero com certeza irá se intensificar no 6º Congresso Nacional, em junho”, diz.

Preconceito

Sempre filiada ao PT, Flora fundou e foi a primeira presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Piauí. Ela conta que, quando iniciou sua participação no movimento estudantil, na década de 80, sentiu preconceito.

“No mundo sindical só tinha homens. Na minha casa mesmo, minha mãe dizia que eu participava de uma chapa formada só por homens”, lembra.

Além disso, Flora sempre esteve engajada em temas como violência doméstica e LGBT, por isso o preconceito fez parte de sua trajetória, principalmente por ser mulher.

“Hoje eu já não sinto mais preconceito por ser uma mulher na política”, finaliza.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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