A senadora Teresa Leitão (PT-PE) afirmou ser necessário unir esforços, neste momento, para que a jornada de trabalho seja, efetivamente, reduzida e o trabalhador possa ser beneficiado com mais tempo fora do ambiente laboral.
“O PT sempre foi favorável à uma jornada digna de trabalho. Desde a Constituição nós conseguimos reduzir de 48 para 44 horas semanais. A jornada 6 por 1 é desumana. Esse é o momento de juntarmos forças, agregarmos conteúdos que já estão em discussão para que o objetivo principal seja alcançado. Os trabalhadores e trabalhadoras estão adoecendo, estão sem vida além do trabalho”, disse a senadora.
Experiências pelo mundo e teste no Brasil
Reportagem da Agência Senado apresenta dados da Organização das Nações Unidas (ONU) com experiências com a redução da jornada de trabalho. Países como Holanda, Bélgica, Dinamarca e Alemanha começaram a aplicação de uma jornada de trabalho reduzida, chegando a cerca de 32 horas semanais em algumas dessas nações, com média de horas trabalhadas ainda menor. Na Alemanha, por exemplo, a média de horas trabalhadas semanalmente é de 25,94 horas.
O Congresso do Chile aprovou, no ano passado, uma lei que diminui a semana de trabalho para 40 horas. Antes, o trabalhador fazia uma jornada de 45 horas semanais. Neste ano, a jornada de trabalho será reduzida para 44 horas. Após três anos, o limite será de 42 horas, e após cinco anos, chegará a 40 horas.
Na Espanha, o governo destinou 9,6 milhões de euros (o equivalente a R$ 52,4 milhões) para empresas que reduzirem a jornada de trabalho para quatro dias semanais sem alteração no salário.
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A semana de trabalho de quatro dias está sendo testada no 4 Day Week Brazil, versão brasileira do projeto criado por uma entidade neozelandesa sem fins lucrativos, a 4 Day Week Global, para incentivar a adoção da jornada reduzida por todo o mundo. O Brasil é o primeiro país da América do Sul a testar o programa, com 21 empresas participantes, em parceria com a Reconnect Happiness at Work, consultoria especializada em bem-estar no trabalho. A experiência teve início em janeiro deste ano e foi finalizada em julho.
No piloto entre empresas brasileiras, foi adotado o modelo de trabalho chamado de 100-80-100, que consiste em produzir 100% do tempo, reduzindo a jornada de trabalho em 80%, com 100% do salário. Os colaboradores do programa passaram por workshops e palestras durante quatro meses antes de começarem a implementar a redução da jornada.
Dados coletados em parceria com a FGV-EAESP revelaram que 61,5% dos participantes observaram melhorias na execução de projetos, 44,4% relataram uma capacidade aumentada de cumprir prazos, 82,4% sentiram um aumento de energia para realizar tarefas, e 62,7% experimentaram uma redução no estresse no trabalho.
Além disso, 85,4% notaram um incremento na colaboração entre colegas, enquanto 65% relataram uma redução na exaustão e 74% observaram uma melhoria na saúde física. Em termos financeiros, 72% das empresas participantes relataram um aumento na receita durante o período do piloto.