Petistas celebram em Plenário a Marcha das Mulheres Negras 2025

Sessão solene na Câmara pela Marcha das Mulheres Negras de 2025 destaca a liderança histórica de Benedita da Silva, homenageada por várias parlamentares

Gabriel Paiva / PT

Deputadas e ministras durante sessão solene da Marcha das Mulheres Negras 2025

No Plenário da Câmara dos Deputados foi realizada, nesta terça-feira (25), sessão solene em homenagem à Marcha das Mulheres Negras 2025: por Reparação e Bem Viver. O requerimento da cerimônia foi assinado pelas deputadas Benedita da Silva (PT-RJ)Jack Rocha (PT-ES)Dandara (PT-MG)Carol Dartora (PT-PR)Denise Pessôa (PT-RS) e Adriana Accorsi (PT-GO).

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A presidência ficou por conta da decana Benedita (no vídeo abaixo durante a Marcha das Mulheres Negras na Esplanada dos Ministérios), que conduziu os trabalhos e foi calorosamente homenageada em diversos pronunciamentos. “Nós fazemos a diferença nesse país”, afirmou a deputada carioca.

A deputada federal Jack Rocha, Coordenadora-Geral dos Direitos da Mulher da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, frisou a importância da Marcha para além de um ato político. “É um projeto político de país”, disse. A petista reforçou a necessidade de mais representantes no Parlamento, mais espaço no orçamento e por um Brasil antirracista. “Um projeto que olhe para as mulheres negras com mais respeito, com mais dignidade e com mais condições de transformar a política em instrumento de transformação”.

A parlamentar também denunciou o racismo ainda presente no Parlamento, “que tantas vezes é palco de violência política, de ações discriminatórias, de violência institucional, de racismo institucional contra o nosso povo”. Jack Rocha disse acreditar na voz das mulheres negras, “assim como foi a de Marielle [Franco], não pode ser silenciada. As nossas vozes não podem ser silenciadas”.

Já a deputada federal Dandara (PT-MG), presidente da Comissão da Amazônia, Povos Originários e Tradicionais na Câmara, foi propositiva: “Depois de 10 anos, chegou a hora de voltar as ruas e transformar promessas em políticas reais. Estamos nas ruas exigindo a aprovação da PEC 27/2024 e a implementação efetiva de reparação histórica porque somos nós que carregamos a memória ancestral e sustentamos este país nas costas, sem nunca sermos devidamente pagas, reconhecidas ou protegidas”. Vídeo abaixo da deputada na Marcha das Mulheres Negras na Esplanada dos Ministérios.

Em 2015 a marcha reuniu 100 mil mulheres negras do Brasil, contra o racismo, a violência e pelo bem viver. Dez anos depois, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, pontuou que “hoje estamos aqui mais uma vez para dizer que sempre somos, sempre fomos e sempre estaremos organizadas. A Marcha das Mulheres Negras de 2025 marca, sim, a reparação, o bem viver, mas também o futuro e o sonho que tanto desejamos para o nosso país”.

Anielle lembrou que essa construção contou com muita gente que veio antes, “não começou hoje, que vem de muito antes de nós, por Marielle, por Sueli, por Benedita, por Carolina, por todas aquelas que vieram abrindo caminho para que hoje possamos, mais uma vez, nos fortalecer e fazer com que as pessoas entendam, de uma vez por todas, que chegaremos, querendo eles ou não”.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, invocou a história brasileira. “Depois de 300 anos de escravidão, e é preciso repetir isso sempre, vivemos em um país cujo racismo estrutural parece não reconhecer o que significam 300 anos na vida de uma população, seguidos de mais de cem anos sem qualquer reparação. Essa reparação é devida pelo Estado brasileiro às pessoas afrodescendentes deste país, que colaboram de tantas formas”.

Com uma manifestação expressando resistência, a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, expressou seu recado direcionado ao Estado brasileiro, prometendo mais justiça racial.

“Se vocês combinaram de nos matar, nós combinamos de não morrer. E é esse o recado que queremos deixar aqui. Peço que todas repitam comigo: nós combinamos de não morrer”.

Em nome do Ministério das Mulheres, a ministra Márcia Lopes falou sobre a necessidade de “radicalizar as nossas lutas para enfrentar o racismo. Queremos igualdade de gênero e igualdade racial. O Ministério segue de portas abertas, com acolhimento, responsabilidade e compromisso, para que o Estado brasileiro honre sua obrigação de construir políticas que garantam proteção, dignidade e bem viver para todas as mulheres, especialmente para as mulheres negras, que são a base e o coração deste país”.

Representando a Marcha, como coordenadora, a militante Erika Matheus destacou que “enquanto uma mulher trans, negra e de candomblé, espero que esta marcha nos impulsione ainda mais para a necessidade de que nossas encruzilhadas possam se transformar em projetos de possibilidades e horizontes, para que nossas identidades sejam, de fato, acolhidas”.

Mães militantes negras também discursaram da tribuna para denunciar o assassinato de corpos jovens negros pelo Estado do Rio de Janeiro, sob a gestão do governador Cláudio Castro (PL), que ordenou um massacre nos Complexos do Alemão e Penha.

Da Liderança do PT na Câmara – Elisa Alexandre

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