Petistas continuam na briga por governos estaduais

Tarso Genro (RS), Delcídio Amaral (MS), Camilo Santana (CE) e Tião Viana (AC) vão para o 2° turno contra rivais e aliados

O Partido dos Trabalhadores (PT) se garantiu no segundo turno em quatro estados que, juntos, somam quase 17,2 milhões de eleitores, ou cerca de 12% dos 142,5 milhões de eleitores brasileiros.

Em dois desses estados, Mato Grosso do Sul e Acre, a disputa envolve a tradicional rivalidade da política nacional entre petistas e tucanos. Em outros dois, Ceará e Rio Grande do Sul, o PT disputa os governos com o PMDB, mais importante partido aliado na esfera federal.

O candidato petista à reeleição no Rio Grande do Sul, Tarso Genro, tem como missão superar o candidato vitorioso do primeiro turno no estado, José Ivo Sartori, do PMDB. Azarão da disputa, Sartori superou o petista em 482,1 mil votos.

Com 32,57% da preferência do eleitorado, Genro começou a campanha em segundo lugar nas intenções de voto, atrás da senadora Ana Amélia Lemos (PP). O peemedebista Ivo ficou em terceiro lugar até as últimas pesquisas, quando superou os dois que vinham à frente.

Tarso votou no primeiro turno ao lado da presidenta Dilma Rousseff e já anunciou que pretende conversar com o candidato derrotado Vieira da Cunha para ter o PDT como aliado no segundo turno. A candidata a vice da coligação é Abgail Pereira, do PCdoB.

A disputa gaúcha contrapõe a composição nacional que levou a dobradinha Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) à presidência da república e à vice-presidência, respectivamente, na eleição de 2010 – chapa que agora vai enfrentar os tucanos Aécio Neves e Aloísio Nunes no segundo turno das eleições 2014, no dia 26 de outubro.

Tarso Genro, jornalista e bacharel em direito, tem 67 anos. Em 2010, foi eleito com mais de 54% dos votos válidos ainda no primeiro turno, vencendo José Fogaça (PMDB), com 24%, e Yeda Crusius (PSDB), com 18%. Tarso foi prefeito de Porto Alegre em dois mandatos (1993/1996 e 2001/2002), ministro do governo de Lula em quatro diferentes áreas (Desenvolvimento Econômico e Social, Educação, Relações Institucionais e Justiça) e presidente nacional do PT, em 2005.

José Ivo Sartori começou como vereador em Caxias do Sul, em 1976, onde acabou eleito para a prefeitura, no ano 2004, reeleito em 2008. Mas foi também deputado estadual por cinco mandatos e federal, em 2002.

Acre – Tião Viana vai disputar o segundo turno das eleições acreanas contra o tucano Marcio Bittar. A disputa reproduz, em nível local, o maior confronto da política nacional desde a década de 90. No primeiro turno, Viana teve 193.253 votos (49,73% dos válidos) e Bittar 116.948 (30,1%).

“Tive uma votação bonita: foram mais de 190 mil votos. A população me fez ter mais votos que a soma dos de Marcio Bittar e Tião Bocalom (terceiro colocado). Trabalhei com a verdade”, discursou Viana, ao saber do resultado. O Acre tem um dos menores colégios eleitorais do país, com 506.724 eleitores, distribuídos em 22 municípios.

Governador eleito, em 2010, Tião Viana nasceu em 9 de fevereiro de 1961, em Rio Branco, capital do estado, mas formou-se médico pela Universidade Federal do Pará (Belém/PA), em 1986. Elegeu-se senador, em 1998, e foi reeleito, em 2006.

Viana vai enfrentar Marcio Bittar, paulista de Franca, de 51anos, bacharel em história pela Faculdade Claretiano, de Brasília (DF). Bittar foi eleito, em 1994, deputado estadual no Acre. Em 1998, passou a deputado federal, reeleito, em 2010. Ocupa, atualmente, a primeira-secretaria da Câmara, no Congresso Nacional.

Bittar perdeu três eleições: ao Senado, em 2002; à prefeitura de Rio Branco, em 2004; e ao governo do Acre, em 2006. Tião Viana esteve à frente dos demais candidatos nas intenções de voto desde agosto. Bittar passou um tempo em terceiro lugar, atrás de Tião Bocalom, do PMDB, mas cresceu e acabou o superando.

Ceará – Camilo Santana (PT) foi uma das surpresas do primeiro turno, ao superar o peemedebista e favorito Eunício Oliveira, com quem vai decidir a disputa pelo governo do Ceará, no dia 26 de outubro. Camilo teve 2.039.233 votos (47,79% dos válidos) e Eunício 1.979.499 (46,41%), um dos resultados mais apertados da atual eleição, dentro da margem de erro.

A diferença a favor do petista foi de apenas 59.734 votos, num colégio eleitoral com 6,2 milhões de eleitores. Camilo é apoiado pelo governador Cid Gomes, do Pros. “Viajei por 156 municípios do Ceará e vi muita coisa boa. Os hospitais no interior, que não tinha – as UPAs, a Transnordestina, a Transposição, as escolas profissionalizantes –, mas também vi coisa que precisa ser feita”, disse Camilo, após saber do resultado das eleições.

Camilo Santana nasceu na cidade do Crato, tem 46 anos e é pai de dois filhos. É engenheiro agrônomo, professor e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Ceará (UFC), além de servidor público federal concursado.

O petista foi superintendente-adjunto do Ibama no Ceará (entre 2003 e 2004) e secretário do Desenvolvimento Agrário do Estado (2007-2010), no primeiro governo Cid Gomes. Foi o deputado estadual mais votado do Ceará, em 2010, com mais de 131 mil votos. No segundo governo de Cid Gomes, Camilo assumiu a Secretaria das Cidades.

Eunício Lopes de Oliveira tem 62 anos e quatro filhos. Nasceu em Lavras da Mangabeira, no centro-sul do Ceará. Cursou economia na Universidade de Fortaleza (Unifor) e administração de empresas e ciências políticas na Uniceub, de Brasília.

No primeiro turno, Eunício Oliveira esteve na liderança da campanha na maior parte do tempo. Camilo Santana reduziu a vantagem de Eunício na reta final e o superou por menos de dois pontos percentuais. A exemplo do que ocorre no Rio Grande do Sul, Eunício e Camilo fazem parte da base aliada do governo federal. Por isso, a presidente Dilma Rousseff não fez campanha para nenhum dos dois principais candidatos ao governo do Ceará.

No primeiro turno houve uma batalha entre apoiadores dos dois nas redes sociais e troca de agressões físicas durante o penúltimo debate na TV. Os dois candidatos também travaram intensa guerra judicial, na tentativa de barrar programas eleitorais, com acusações e denúncias de corrupção contra o adversário.

Inicialmente, Camilo não aparecia entre os possíveis candidatos da preferência dos irmãos Ferreira Gomes (Cid e Ciro, também ex-governador do estado). O petista só foi indicado para a disputa no fim do prazo das convenções, após Eunício ter rompido a aliança com o governador Cid Gomes. O pemedebista é o candidato que tem o maior patrimônio nesta eleição em todo o país, cerca de R$ 99 milhões, segundo o TRE. O patrimônio de Camilo Santana é de R$ 534 mil.

Mato Grosso do Sul – O senador petista Delcídio do Amaral obteve 42,92% (567.331 votos) da preferência do eleitorado no primeiro turno do seu estado, contra 39,09% (516.744 votos) do tucano Reinaldo Azambuja, numa disputa que se assemelha a do Acre, por envolver a rivalidade entre PT e PSDB.

Delcídio termina o seu segundo mandato de senador no final deste ano. Nasceu em Corumbá, em Mato Grosso, tem 59 anos, é engenheiro elétrico e trabalhou na construção de hidrelétricas antes de entrar na política. Foi diretor da Eletrosul, secretário-executivo e ministro de Ministério de Minas e Energia, além de diretor de Gás e Energia da Petrobras, entre as décadas de 1990 e 2000.

Foi também secretário de estado (Infraestrutura e Habitação) no primeiro governo de Zeca do PT, em 2001, eleito senador, no ano seguinte. Sofreu uma derrota em 2006 para André Puccinelli (PMDB), quando disputou o governo do estado. Em 2010, foi reeleito senador.

Reinaldo Azambuja, do PSDB, foi prefeito de Maracaju, eleito em 1996, reeleito em 2000. Perdeu a disputa pela prefeitura de Campo Grande, capital do estado, em 2012, depois de se eleger deputado estadual (2006) e federal (2010). Azambuja começou a campanha em terceiro lugar e aos poucos superou, sempre dentro da margem de erro, o peemedebista Nelson Trad Filho.

Por Márcio Morais, da Agência PT de Notícias

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