Petrobras fechará 2015 com caixa de US$ 20 BI, o dobro do previsto

O presidente da estatal, Aldemir Bendine, fez as declarações na quarta-feira (14), ao participar da CPI da Petrobras

A Petrobras vai chegar ao final deste ano com US$ 20 bilhões em caixa, o dobro do que estava previsto. A informação é do presidente da estatal, Aldemir Bendine, que depôs nesta quarta-feira (14) na CPI da Petrobras. “A empresa ainda é o principal player de um ciclo virtuoso da economia brasileira. Apesar dos problemas, a Petrobras ainda mantém um nível significativo de investimentos, mesmo que menor que o de anos anteriores. Este ano os investimentos devem ficar entre US$ 25 bilhões e US$ 27 bilhões, quase R$ 100 bilhões”, destacou o executivo.

Aldemir Bendine, respondendo a perguntas dos deputados, em especial do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), mencionou as medidas adotadas por ele nesses últimos oito meses em que está à frente da Petrobras. “Nesse período aprovamos os balanços auditados da companhia, foram feitos ajustes de ativos, patrimônio e resultados da empresa, fizemos uma série de captações e negociações com mercados interno e externo de quase US$ 11 bilhões e foi nomeado um novo Conselho de Administração”, listou.

O presidente da Petrobras garantiu ainda que o novo modelo de gestão e governança da estatal é transparente, blindado e privilegia as decisões colegiadas. “O que a gente tem buscado é um modelo com capacidade de gestão efetiva para a empresa e, ao mesmo tempo, a reforma na sua governança para que ela possa mitigar situações como vivenciou no passado e, ao mesmo tempo, sem perder sua agilidade e termos conforto nas decisões tomadas”, declarou.

Prioridades – Bendine listou quatro pontos vitais para a recuperação da empresa e o enfrentamento dos desafios diante do preço baixo do barril de petróleo no mercado internacional e a dívida acima da meta. “Estamos priorizando os investimentos, com 82% do total, na área de produção e exploração de petróleo, que é a principal atividade da empresa”, afirmou.

Em segundo lugar, ele disse que a Petrobras está trabalhando na redução de gastos operacionais. “Nossa meta é reduzir custos gerenciáveis do plano de negócios em até US$ 12 bilhões nos próximos anos”, informou. O terceiro ponto citado por Bendine é redução da dívida e a garantia da financiabilidade da empresa. “As captações junto ao mercado financeiro permitiram melhoria na dívida, com prazos mais longos e juros mais baixos. Só o escalonamento de dívida deste ano garantiu uma economia de US$ 3,8 bilhões este ano, enfatizou.

Fornecedores – Ademir Bendine informou também que 32 empresas foram bloqueadas cautelarmente no trabalho com a companhia devido às investigações da Operação Lava Jato. Por isso, explicou, a Petrobras está revendo a situação cadastral de todos os seus fornecedores. “Vamos submeter 12 mil empresas a um novo modelo de relação com fornecedores, que pressupõe avaliação de idoneidade. Cerca de dois mil fornecedores já passaram por esse processo de integridade desde agosto”, citou.

Desinvestimento – O presidente da Petrobras também disse que o desinvestimento da companhia faz parte de um ciclo do mercado mundial de petróleo e não apenas da empresa. “Outras petrolíferas também têm feito isso. Lógico que temos que dosar isso com maior força por conta da dívida”, esclareceu, lembrando que a Petrobras reduziu em 30% os investimentos este ano, e que a redução média do desinvestimento de outras companhias do setor tem sido de 20%.

Produção – Bendine disse aos parlamentares que a Petrobras tem capacidade de produzir petróleo por 19 anos sem novas descobertas. O que coloca a estatal brasileira em uma das melhores posições no mundo. Ele explicou ainda que a nova meta de produção de petróleo da empresa foi reduzida de 4 milhões de barris/dia para 2,8 milhões de barris/dia.

Sete Brasil – O presidente da Petrobras explicou que a estatal está renegociando os 28 contratos para construção de navios-plataforma assinados com a empresa Sete Brasil, que enfrenta dificuldades financeiras desde a deflagração da Operação Lava Jato. “Vamos adequar a construção dos navios, o projeto será mantido, mas com menor envergadura”, afirmou. Ele também informou que a empresa vai concluir as obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e está buscando parceiros internacionais para concluir o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Orgulho – Bendine fez questão de afirmar que, apesar dos desafios, a Petrobras voltará a ser “motivo de orgulho para todo cidadão brasileiro, sendo uma empresa mais enxuta e com resultados robustos”.

O deputado Leo de Brito (PT-AC), falando pela liderança do partido, lembrou que há seis meses, quando a CPI foi instalada, a oposição “decretou a morte, a falência” da Petrobras. “Teve erros sim, mas que por tudo que apuramos aqui e pelo que o Ademir Bendine explicou nesta audiência, eles estão sendo corrigidos e a estatal continue firme, buscando financiamentos, investindo, mudando modelo de gestão, reduzindo gastos, aumentando transparência e batendo recorde na produção do pré-sal”, argumentou o parlamentar.

Leo de Brito acrescentou ainda que confia na Petrobras e defendeu o modelo de partilha como o mais adequado para a exploração do petróleo. “É esse modelo que garantirá os recursos fundamentais para a educação, ciência e tecnologia e saúde”, afirmou o petista.

Por Vânia Rodrigues, do PT na Câmara

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