Pimenta: na Porto Alegre das diferenças trava-se luta pela legalidade
Para o deputado, “O que está em jogo é a nossa soberania, a manutenção dos direitos conquistados pelos trabalhadores e a democratização da riqueza”
Publicado em
Já foi assim antes, em 1961, Leonel Brizola liderou um dos acontecimentos mais dramáticos da história do Rio Grande do Sul e um dos momentos épicos da luta do povo brasileiro pela sua soberania e autodeterminação. O movimento da Legalidade, essa ação cívico-nacionalista que garantiu a posse do Vice-Presidente João Goulart. A Legalidade foi uma vitória da democracia.
Vivemos outra época. São outros os agentes que agem em nome das forças conservadoras, do capital internacional e dos grandes grupos econômicos. No passado os homens de verde. Agora, são os homens de toga e de preto.
Todos, ao seu tempo, servindo aos mesmos senhores.
Nos dois momentos históricos, está a mesma cidade: Porto Alegre.
Getúlio Vargas, João Goulart, Luís Inácio Lula da Silva: as origens não são iguais, as trajetórias são diferentes, mas os interesses que estes líderes brasileiros contrariaram – estes, sim, são os mesmos.
O que está em jogo é a nossa soberania, a autonomia sobre os nossos recursos naturais, a manutenção dos direitos duramente conquistados pelos trabalhadores e a democratização da riqueza. O pano de fundo é o mesmo. E assim, novamente, não podemos vacilar.
Porto Alegre, depois de 57 anos, se vê outra vez no epicentro da velha luta de classes. Uma cidade que mesmo distante do centro do país sempre foi protagonista da história do Brasil.
Protagonismo marcado pela capacidade de mobilização, pela coragem, pelo destemor e, principalmente, pela legalidade.
Desta vez não é diferente.
O que está em julgamento não são os erros ou acertos de um homem. Se fosse isso, o veredito já seria conhecido. Inocente.
O que realmente está, outra vez, em julgamento, é qual país queremos construir? Um país de oportunidades em busca da igualdade ou aquele país onde um retirante nordestino sabia que o que lhe cabe neste latifúndio é a senzala.
Uma nação que preza sua soberania não pode conformar-se passivamente com a exclusão do seu maior líder popular da vida pública.
O povo gaúcho tem imorredouras tradições de amor à pátria comum e de defesa dos direitos humanos e Porto Alegre não desmentirá essas tradições e saberá cumprir o seu dever.
Porto Alegre nunca fugiu à luta quando esteve em jogo o destino do Brasil.
Porto Alegre dos extremos que se digladiam, mas se respeitam: verão e inverno, chimangos e maragatos, Bonfim e Moinhos, Grêmio e Inter. Mas tamanha diversidade só fecunda onde habita a liberdade. Libertem Porto Alegre e deixem o Brasil retomar o fio da história que o golpe rompeu.
Assim como em 61 estivemos aqui para garantir a posse de Jango, voltamos, desta vez, para garantir a candidatura de Lula.
Mas no fundo o que queremos é o nosso país de volta!
Paulo Pimenta é deputado federal (PT-RS) e Líder do PT na Câmara