Pluralidade marca ato em defesa da democracia no Rio de Janeiro

Mais de 1 mil pessoas participaram do Ato Brasil pela Democracia no Teatro Casa Grande, na zona sul do Rio de Janeiro

Artistas, intelectuais, juízes, procuradores, professores universitários, lideranças religiosas e militantes independentes lotaram o Teatro Casa Grande, na zona sul do Rio de Janeiro, na noite desta segunda-feira (4), no Ato Brasil pela Democracia. Mais de mil pessoas estavam participaram do evento para discutir a situação política do país e reforçar o convite para outros manifestantes aderirem a atos contra o golpe.

“Foi um evento que superou as expectativas. Houve participação de artistas, intelectuais, juristas, que são contra a quebra do Estado Democrático de Direito e pregam respeito ao voto. Foi um ato muito plural, como há muito tempo a gente não via nos atos da esquerda”, contou à Agência PT de Notícias o vice-presidente e secretário de Comunicação do PT, Alberto Cantalice.

Também participou do evento o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). “Vamos derrotar o impeachment, e não me venha no dia seguinte com ajuste fiscal. Vamos retomar o crescimento econômico, colocar dinheiro na mão do pobre e fazer a economia crescer!”

Senador Lindbergh Farias: Assim que derrotarmos o impeachment, no outro dia vamos para cima (Foto: Facebook LindBergh Farias)

Senador Lindbergh Farias: Assim que derrotarmos o impeachment, no outro dia vamos para cima (Foto: Facebook Lindbergh Farias)

Estava presente também uma das principais lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile. Em sua intervenção, Stédile ironizou acusações de que militantes contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff recebem sanduíche de mortadela para ir a protestos e afirmou que este é o momento para discutir um projeto de país com novas ideias.

“O desafio que nós temos nas ruas é: nós como militantes mostrar pro povo e explicar pra eles que o problema não é a Dilma, o problema é a corrupção, o problema é um projeto pro país que está em jogo” disse.

“Eles precisam desmoralizar Lula porque ele é o fantasma da classe trabalhadora para 2018 (…) Nós temos obrigação de parar o golpe e garantir a democracia”, afirmou.

Pelo menos mil pessoas participaram do Ato Brasil pela Democracia, no Rio de Janeiro (Foto: Facebook Lindbergh Farias)

Pelo menos mil pessoas participaram do Ato Brasil pela Democracia, no Rio de Janeiro (Foto: Facebook Lindbergh Farias)

Desde março, manifestantes independentes e de diversas organizações têm realizado atos em repúdio ao processo que visa acabar com o mandato de Dilma. O principal deles aconteceu no dia 31 de março, data em que o país relembrou o golpe militar que deu início à ditadura (1964-1988). Mais de 60 grupos já fizeram manifestos, abaixo-assinados e petições para denunciar o golpe. Confira abaixo o que falaram outros participantes do evento:

Leonardo Boff, teólogo: “Precisamos entender que o golpe contra a democracia não é apenas contra a democracia. É contra um tipo de projeto de Brasil, de sujeitos históricos que vêm lá de baixo, da grande tribulação da vida movimentos sosciais – Sem-Terra, Sem-Teto, mulheres, afrodescendentes, indígenas – toda essa gente que formou a massa de marginalizados do povo brasileiro e que, com o tempo, conseguiu acumular forças e quis reiventar um outro tipo de Brasil”.

Tico Santa Cruz, cantor: “A gente não tem medo do front. A gente botou a cara. A classe artística neste momento resolveu se levantar e isto é importante demais para o Brasil. É importante que a classe artística se levante sem medo. O povo está com a gente, está do nosso lado”.

Wagner Novais, cineasta: “Eu votei. O jogo não é este? Não é ir lá e apertar o botão verde e confirmar? (…) Eu estou aqui para não ter esta cultura do golpe. Você, de direita, você tem que se ligar. Se quiserem tirar quem você votou, vão meter a mão e tirar quem você votou. Estou aqui pelo meu direito de discutir, inclusive. Se num Estado de Direito o preto é esculaxado, morre, imagina num Estado de exceção. Estou aqui por causa disso. Só”.

Humberto Carrão, ator: “Eu acho que a minha geração – tenho 24 anos – talvez não tenha ideia ainda da responsabilidade que a gente teria que ter e do processo que a gente poderia voltar a viver. É quase um fantasma do que nossos pais passaram. Onde meus pais estavam nos anos 70? Onde seus pais estavam nos anos 70? É questão de se posicionar agora e tentar não repetir alguns caminhos”.

A vídeo com o ato completo está disponível no YouTube:

Por Daniella Cambaúva, da Agência PT de Notícias

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