“Ponte Lula”, em Itinga, garantiu o direito de ir e vir
Com integração social e econômica, a chegada da ponte, no início do governo Lula, unificou a cidade do vale do Jequitinhonha
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Inaugurada por Lula e de extrema importância para a região, a ponte do Rio Itinga, em Minas Gerais, foi entregue em 2004, na região do Vale do Jequitinhonha, após a chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, em 2003. Após a construção da ponte sobre o Rio Itinga, as populações carentes das duas regiões foram integradas pelo acesso que unificou a cidade mineira. Agora, anos depois, Lula volta ao local com a caravana Lula pelo Brasil, nesta quarta-feira (25), para ver, de perto, como a construção beneficiou a vida do povo no local.
Na época da inauguração, em homenagem ao ex-presidente, a Câmara dos Vereadores de Itinga sugeriu colocar o nome da ponte de Lula. No entanto, o ex-presidente sugeriu que a construção levasse o nome de um barqueiro da cidade, Britanil Dias Pereira, conhecido como Til Nil, que passou grande parte de sua vida transportando pessoas de um lado para o outro do rio em uma canoa, e hoje, é reconhecido pela sua dedicação ao povo da região.
As irmãs gêmeas Rayane e Raíssa Chaves, hoje com 18 anos, estavam na inauguração da ponte por Lula em 2004 e chegaram a se aproximar do então presidente, que as pegou no colo, e dali em diante, marcou suas vidas com a principal mudança feita na cidade.
“Para mim e minha irmã foi uma emoção. Entre milhares de pessoas, a gente conseguiu se aproximar e abraçá-lo”, conta Rayane.
As duas já gostavam de Lula desde muito novas e contam que até brincavam jogando panfletos em época de eleição. “A gente acordava de manhãzinha, pegava os panfletos e soltava na rua gritando ‘É lula, é Lula, é Lula de novo, vota em Lula’, conta Raíssa.
“Nós queríamos ver Lula na Presidência e a gente achava que entregando os panfletinhos para o povo, ele ia ganhar e ia ser presidente”, completa Rayane. “Desde criancinha, eu ouvi minha mãe falar de Lula, eu cresci ouvindo falar dele, então cresci gostando e admirando”.
Para as duas, a ponte transformou a vida na cidade. Segundo Raíssa, “sem essa ponte, a gente estava até hoje vindo de barco, sem transporte. Era difícil, não eram muitas pessoas que tinham dinheiro para pagar o barco e vir para o lado de cá”, afirma.
Economia, saúde e educação
As dificuldades de locomoção eram um tormento na vida dos moradores. O acesso ao comércio para a compra de alimentos dependia de uma demorada travessia pelo Rio, ou seja, a economia da região era totalmente ligada ao outro lado da cidade.
O comerciante Lacir Barbosa de Almeida é prova de que a ponte não apenas integrou a cidade, mas acabou estimulando o comércio na região. “Antes a gente trabalhava com gêneros alimentícios, mas com a chegada da ponte surgiram mais oportunidades, a cidade abriu-se para o mundo, um leque muito bom, e com isso vieram empresas de fora”, relembra.
Segundo Lacir, a ponte foi um ganho não só financeiro, econômico, mas de integração social muito grande. “A chegada da ponte acabou unificando a cidade. Tinha moradores que moravam de um lado e não conheciam o outro. Parecia que eram duas tribos, cidades distintas”, diz.
Não só na questão de comércio, mas a saúde e educação, primordiais na vida da população, eram cheias de obstáculos. Na região havia um hospital acessado unicamente por balsa. Era comum que mulheres gestantes, por exemplo, dessem à luz durante a travessia.
Antes da construção da ponte de Itinga, o rio Jequitinhonha também ceifava vidas, como relata Lacir. “Também tivemos vários acidentes de pessoas atravessando o rio em balsas, carros caíam dentro da água, morreram crianças dessa forma. Não dá pra se medir o valor desse patrimônio que Lula trouxe para gente, tanto que a gente defende ela de unhas e dentes. Só a gente sabe o que a gente sofreu sem a ponte nesta cidade”, declara.
O professor Antônio Evangelista Gusmão trabalhou por dez anos atravessando diariamente o rio para lecionar do outro lado da cidade e relata os tempos difíceis. “A gente tinha que sair de casa com muito mais tempo devido ao horário da escola e também devido ao perigo dessa canoa virar, de ter algum acidente durante o percurso”.
Ele também afirma que a Ponte de Itinga trouxe melhorias econômicas e sociais para a cidade. “Na realidade, existia uma diferença pela dificuldade de uma integração de um lado com outro, alguns cobravam por isso e algumas pessoas não atravessavam devido a ter que pagar a passagem. Com a chegada da ponte, a gente teve essa melhoria econômica, financeira da cidade, a integração do pessoal. Hoje, as pessoas têm a liberdade de ir e vir”, explica.
Os trabalhadores rurais e a luta pelos seus direitos
A lavradora Maria Angélica Paranha conta que, antes da ponte, a dificuldade era maior até para realizar atividades de militância. Participante das comunidades eclesiais de base e do sindicato rural, ela relata que prefeitos de direitas chegavam a impedir a travessia de militantes.
“A maior dificuldade que a gente enfrentava era para sair da zona rural até a cidade. A travessia do rio Jequitinhonha era canoa e quando o rio enchia não dava para atravessar, tinha que andar um quilômetro dentro da água para chegar aonde dava para descer do barco”, diz.
Segundo a agricultora, era uma canoa usada por toda população, e isso implicava por conta de ser a única alternativa não-paga. “A gente tinha a dificuldade financeira, porque tinha que pagar para pegar a balsa ou o barco. A balsa era comandada pelo poder público e muitas vezes só atravessava quem o prefeito queria. Como a gente era de esquerda, de igreja, de sindicato, aí não atravessava mesmo”.
Lula pelo Brasil
A viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Minas Gerais, que acontece em outubro, é a segunda etapa do projeto que ainda deve alcançar as demais regiões do Brasil.
Em agosto e setembro, Lula pegou a estrada e percorreu os nove estados nordestinos, visitou inúmeras cidades, ouviu e conversou com o povo.
O projeto Lula Pelo Brasil é uma iniciativa do PT com o objetivo de perscrutar a realidade brasileira, no contexto das grandes transformações pelas quais o país passou nos governos do PT e o deliberado desmonte dos programas e políticas públicas de desenvolvimento e inclusão social, que vem sendo operado pelo governo golpista nos últimos dois anos.
Da Redação da Agência PT de Notícias