Professores repudiam mudanças de Alckmin nas escolas públicas
Com indicativo de paralisação, docentes vão iniciar campanha contra a proposta de remanejar estudantes e criar escolas de ciclo único que, na opinião deles, vai prejudicar o ensino
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Os professores estaduais de São Paulo vão iniciar “estado de greve” com indicativo de paralisação para o dia 29 de outubro. A decisão foi tomada na última sexta-feira (25), em assembleia na Praça da República, centro da capital paulista.
Os educadores repudiaram a proposta do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) de separar totalmente os alunos das escolas estaduais por ciclo: fundamental I, fundamental II e médio.
“É um projeto de gestão empresarial, com o objetivo de demitir professores e fechar salas de aula para cobrir o rombo nas contas públicas paulistas”, afirmou Maria Izabel Noronha, presidenta da Apeoesp, sindicato da categoria.
Para ela, o governador tucano e seu secretário de Educação, Herman Voorwald, ainda não entenderam que educação é investimento e não custo.
A partir desta segunda-feira (28), os professores vão iniciar uma campanha nas escolas e nos bairros para unir estudantes e seus familiares contra a proposta. Serão realizadas reuniões, abaixo-assinados e distribuição de folhetos explicando as razões pelas quais os professores avaliam que a medida vai prejudicar ainda mais o ensino no estado.
“Não há nenhuma preocupação pedagógica. É simplesmente uma mudança física, que deve levar ao fechamento de, pelo menos, mil escolas. Vai desorganizar a rede pública, separar estudantes de uma mesma família e obrigar os pais a se desdobrarem para organizar a rotina”, defendeu Maria Izabel.
Modelo tucano de educação – A medida da mudança dos ciclos foi anunciada por Voorwald na terça-feira (22), em entrevista ao telejornal Bom Dia São Paulo, da Rede Globo.
Na prática, as escolas de uma região passarão a ter somente um dos ciclos: fundamental I, fundamental II ou médio. Os alunos serão remanejados entre estas escolas, em uma distância não superior a 1,5 quilômetro, segundo o secretário.
São Paulo tem hoje 5.108 escolas, das quais 1.443 são de ciclo único, outras 3.186 mantêm dois ciclos e 479 têm três ciclos. Essas últimas devem ser transformadas em ciclo único, assim como grande parte das de dois ciclos.
Voorwald justificou que com esse modelo “o aprendizado ocorre melhor, a formação do professor ocorre melhor” e que o momento é propício para fazer a mudança porque São Paulo tem hoje 2 milhões de vagas ociosas.
Porém, para a presidenta da Apeoesp, a medida vai gerar demissões. “A ex-secretária Rose Neubaeur fez a mesma coisa em 1995, causando vinte mil demissões de professores, professores adidos (que ficaram sem aulas em suas escolas), desorganização e transtornos às famílias dos estudantes e uma série de outros prejuízos à educação pública estadual”, alertou.
Os professores avaliam ainda que a proposta busca viabilizar a meta incluída no projeto do Plano Estadual da Educação, de municipalizar o ensino fundamental. Com as escolas divididas, seria mais fácil transferir a gestão para os municípios.
“Queremos que o governador e o secretário valorizem os profissionais do magistério, resolvam os problemas estruturais das escolas, estabeleçam a gestão democrática na formulação e implementação do projeto político-pedagógico”, explicou Maria Izabel.
Segundo a presidenta da Apeoesp, a redução do número de estudantes por sala de aula é o que tem potencial para melhorar o ensino. Atualmente, as turmas têm entre 30 e 40 alunos. Os professores defendem 20 por sala.
Reajuste zero – Os professores encerraram há três meses a maior greve da história da categoria. Foram 92 dias parados, reivindicando reajuste salarial e outras melhorias.
Todos os pedidos foram rechaçados pelo governo Alckmin. E na última quarta-feira (23), O secretário de Educação do estado avisou que não haverá reajuste salarial em 2015.
“O secretário mentiu para nós. Disse em várias ocasiões que o projeto sobre o reajuste estava pronto para ser encaminhado, que a greve não fazia sentido. Mas agora usa a crise como justificativa para negar qualquer aumento salarial. Porém, quando a economia estava bem, nós não ganhamos grandes reajustes. A política salarial em São Paulo sempre foi ínfima”, disse a presidenta.
Da Redação da Agência PT de Noticias, com informações da “Rede Brasil Atual”