Prouni e Fies beneficiam 40% dos alunos de faculdades privadas
Prouni concedeu 1,2 milhão de bolsas desde 2010 e, Fies, 1,16 milhão de contratos
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Quase metade dos estudantes de universidades particulares são beneficiários do Programa Universidade Para Todos (Prouni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). De acordo com o ministro da Educação, Henrique Paim, as duas ações do governo federal beneficiam 40% dos alunos do ensino superior privado no Brasil.
“São estudantes que têm perfil de baixa renda. No Prouni, muitas vezes o desempenho supera o de quem não é cotista do programa”, afirmou o ministro, em evento realizado pela Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES).
Criado, em 2005, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Prouni é um programa de concessão de bolsas de estudo integrais e parciais para cursos de graduação e formação específica em instituições de ensino superior privadas. O benefício é oferecido pelas faculdades e universidades em troca de incentivos fiscais.
As bolsas são concedidas aos estudantes do ensino médio da rede pública ou da rede particular – algumas integrais –, com renda familiar per capita máxima de três salários mínimos. A seleção dos candidatos é feita pelas notas obtidas pelos alunos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O Fies, criado em 1999, passou a ter um novo formato em 2010, também durante gestão do ex-presidente Lula. Naquele ano, foram reduzidos os juros do financiamento para 3,4% ao ano e o prazo de carência foi estendido para 18 meses, contados a partir da conclusão do curso. Após a implantação das mudanças, foram firmados mais de 1,16 milhão de contratos pelo Fies, até 2014.
A jornalista Joceline Gomes, de 27 anos, fez parte de uma das primeiras turmas com alunos do Prouni na Universidade Católica de Brasília, ainda em 2005. Ela conta que o acesso à universidade mudou as perspectivas de futuro da família.
“O fato de eu ter entrado na universidade melhorou a renda da minha família. Meu pai já estava aposentado, minha mãe era doméstica. Então, quando entrei no Prouni nossa vida mudou completamente”, explica Joceline.
Ainda segundo a jornalista, o irmão também seguiu pelo mesmo caminho e conseguiu uma bolsa integral no programa no segundo semestre de 2005. “Desde então, só conseguimos melhores empregos. O programa mudou totalmente a minha relação com o mundo”, diz.
Joceline lembra ter recebido, ainda nos primeiros meses, os boletos para pagamento das mensalidades, por engano. No entanto, para ela, saber o valor mensal da universidade a fez reconhecer o valor e a importância do programa.
“O legal de ter recebido alguns boletos foi saber que eu nunca conseguiria pagar aquele valor e saber o valor da minha bolsa”, afirma a jornalista.
Acesso universal – Entre 2005 e o segundo semestre de 2013, o Prouni concedeu 1,2 milhão de bolsas de estudo. Deste total, segundo o Ministério da Educação, 69% são integrais. A maioria das bolsas concedidas pelo programa são para Administração, Direito e engenharias.
Em 2003, 3,9 milhões de estudantes estavam matriculados no ensino superior. Dez anos depois, segundo o Censo da Educação Superior, 7,3 milhões de brasileiros estudavam em cursos de graduação no ensino superior. Deste total, 73,5% estavam matriculados em instituições particulares, o correspondente a 5,3 milhões de estudantes.
De acordo com levantamento feito pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino Superior (Abraes), alunos de instituições privadas e beneficiários de bolsa integral pelo Prouni conseguem as melhores notas no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).
Ainda segundo o levantamento, feito com base em notas dos exames de 2010, 2011 e 2012, os bolsistas têm desempenho superior à média geral, seja de estudantes das universidades públicas ou dos alunos mais ricos.
A pesquisa considerou apenas o resultado de alunos que não deixaram nenhuma parte inteira da prova em branco. A pesquisa da Abraes também mostrou que o número de horas de estudo fora de sala de aula dos bolsistas pelo Prouni é superior ao das escolas públicas.
Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias