PSDB é o maior derrotado no impeachment, diz Lindbergh
Senador do PT do Rio de Janeiro afirma que Michel Temer “não passa de um golpista” e relembra de outras tentativas de golpe da história do Brasil
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O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) fez um discurso forte no plenário do Senado, na madrugada desta quinta (12), em defesa da legalidade do mandato da presidenta Dilma Rousseff. Ele criticou fortemente a oposição e lembrou de outras conspirações golpistas da história do País.
Lindbergh começou fazendo uma crítica às elites brasileiras: “nunca tiveram compromisso verdadeiro com a democracia. Repito de outra forma: as elites deste País jamais tiveram compromisso democrático”, afirmou.
A história se repete
Ele lembrou dos golpes tentados (e, no último caso, consumado) contra Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck e João Goulart. “A história de 1964 todo mundo conhece; a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, antes do golpe de 1º de abril de 1964; aquela marcha, em São Paulo, com milhares de pessoas de classe média lutando contra a corrupção e contra o comunismo. E houve o golpe!”, lembrou o senador. “E eles tentaram legitimar aquele golpe, como se fosse democrático, porque hoje todo mundo diz que foi uma ditadura, mas lá, naquele momento, não”.
O senador disse que a deposição do presidente João Goulart em 1964 hoje é visto como um atentado militar, mas que na época foi tratado pela grande imprensa e por parte do Congresso como uma vitória da democracia. Para isso, mostrou capas de jornais do “O Estado de S. Paulo” e de “O Globo” que exaltavam a atuação que depôs o presidente. Alertou para o papel da mídia em processos como esse, mostrando a capa do jornal “O Globo” do dia posterior ao golpe e citando o editorial: “Ressurge a Democracia. Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente das vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem”, leu. “Foi assim que a imprensa, que a mídia tentava legitimar um golpe como se fosse democrático”, comparou Lindbergh.
Se voltando ao senadores, afirmou: “Senhores, não se enganem! eu não tenho a menor dúvida que, para a história do nosso País, isso aqui vai passar como um golpe parlamentar contra a democracia brasileira. Neste momento, os senhores têm de olhar para a história, têm de olhar para as suas biografias.”
Críticas ao PSDB
O senador fez críticas ao PSDB, que, segundo ele, nunca aceitou a derrota. Lembrou da atuação do PSDB após Aécio Neves (PSDB-MG) ser derrotado nas eleições de 2014. Disse que o partido recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) 48 horas depois das eleições, apoiou manifestações em menos de uma semana pedindo a saída de Dilma e, “em um ato ridículo”, pediu ao TSE a posse de Aécio no lugar da presidenta.
“Agora, há uma ironia da história, e a história é implacável. Não fomos nós. O maior derrotado nesse processo do impeachment se chama PSDB. É o maior derrotado”, criticou. O partido, disse Lindbergh, ficou durante as manifestações pró-impeachment ao lado de quem pedia intervenção militar e de quem destilava preconceitos contra homossexuais e outras minorias, para conquistar a queda de Dilma. “Eles não tiveram coragem e altivez de demarcar campo com aqueles que defendiam a intervenção militar. Ficaram de braços dados com Bolsonaro. Não demarcaram um campo. Não demarcaram um campo com aqueles que, nas ruas, no campo dos valores, faziam um discurso preconceituoso, contra gays, contra lésbicas, um discurso machista, um discurso racista. Eles se perderam nisso tudo”, afirmou.
Para o senador, Aécio Neves, Michel Temer e Eduardo Cunha são “os capitães do golpe”. E pontuou: “A elite nunca aceitou o pré-sal, o salário mínimo valorizado, as cotas raciais e sociais, a liberdade às empregadas domésticas da semi-escravidão”.
Ameaça aos direitos trabalhistas
Lindbergh Farias questionou: “Por que existe esse golpe? O que eles querem com isso? Eles querem esse golpe por um motivo: eles querem, nessa crise, jogar a conta para ser paga pelos mais pobres e pelos trabalhadores.” Lindbergh criticou as medidas propostas por Temer e afirmou: “O neoliberalismo deles só é possível com golpe”.
E garantiu: “Nós vamos fazer uma dura oposição, porque não vamos aceitar a retirada de direito de trabalhadores, não vamos aceitar perda dessas conquistas e dizemos também a esse que não vou me referir nunca como Presidente da República: nós não vamos reconhecer Temer como Presidente da República”, e conluiu: “Ele não passa de um golpista”.
“Michel Temer, por onde andar neste País, vai haver estudantes, professores, trabalhadores a levantar a voz e dizer: não aceitamos um governo com essas características.”
“A história te dará razão, Dilma. E quem dá um golpe está na lata do lixo da história”.
Assista abaixo:
Da Redação da Agência PT de Notícias