Relatório aprovado da reforma coloca a conta sobre o trabalhador, diz Dieese
Segundo Clemente Ganz Lúcio, apesar de mudanças no novo texto, problema de financiamento não será resolvido e aumentará a desigualdade social; PT votou contra
Publicado em
A “reforma” da Previdência vai a plenário da Câmara, após a aprovação do relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6, na Comissão Especial, nesta quinta-feira (4). Apesar de possuir algumas alterações, o texto ainda coloca a “economia de R$ 1 trilhão”, principal argumento dos apoiadores da proposta do governo Bolsonaro, na conta do trabalhador, avalia o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio.
Ele lembra que o relatório ainda mantém grande parte do projeto original, como a idade mínima de aposentadoria de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. “É uma reforma que coloca todo o ônus sob os trabalhadores, tanto os do regime geral quando os servidores. Os trabalhadores estão pagando a conta do governo e o aumento da arrecadação virá do bolso dos servidores públicos, que pagarão mais contribuição à Previdência”, disse o analista à Rádio Brasil Atual.
Uma das provas de que a reforma não atinge todas as classes, segundo o Dieese, é a isenção previdenciária para exportadores do setor rural. Segundo economistas, a tributação poderia reverter cerca de R$ 80 bilhões para a economia, mas foi rejeitada pela bancada ruralista. “Os exportadores do setor rural não pagarem INSS, que é uma classe muito rica, é outro absurdo. Os ruralistas não querem pagar a Previdência, isso é a desigualdade materializada no projeto”, criticou o diretor do Dieese.
Clemente lembra que o projeto substitutivo aprovado incorpora mudanças importantes comparado ao projeto original, especialmente referente a exclusão da capitalização. Por outro lado, ele avalia que a reforma não resolve o problema do financiamento. “Continuará se agravando, daqui para frente, e o próximo governo vai continuar apresentando novas propostas de mudança na Previdência, já que a informalidade tende a aumentar no mercado de trabalho”, lamenta.