Renda caiu ou cessou para quase metade dos trabalhadores do país

Pesquisa divulgada pela CNI mostra que 71% dos entrevistados acreditam que a economia só vai se recuperar no próximo ano. Negligência do desgoverno Bolsonaro com a vacinação em massa é causa principal do avanço do pessimismo

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Desgoverno promove desemprego

A aguda queda socioeconômica no Brasil da era Bolsonaro é cada dia mais evidente e mais abalizada pelos números. A pesquisa desta quarta (28) foi divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o estudo ‘Os brasileiros, a pandemia e o consumo’, do Instituto FSB Pesquisa, 46% dos trabalhadores viram a renda diminuir ou simplesmente desaparecer durante a pandemia do coronavírus.

Do total, 32% dos entrevistados observaram queda na renda e 14%, perda total. Para 41% dos consultados, a renda ficou estável, e 10% registraram aumento dos vencimentos. Para os próximos meses, 3% dos trabalhadores esperam perda total da renda, 9% projetam redução parcial e 83% acreditam que não haverá mudança.

Em função das incertezas do cenário, cada vez mais turvo, 71% dos entrevistados dizem ter reduzido os gastos. Na metade do ano passado, 30% se viram obrigados a fazer cortes grandes ou muito grandes nas despesas, e agora são 40% os que dizem ter feito o mesmo. Entre os motivos apontados estão insegurança quanto ao futuro (38%), perda parcial ou total da renda (30%) e fechamento do comércio (27%).

Do total de entrevistados, 83% consideram o ritmo de vacinação no Brasil lento e 35% das pessoas que ainda não foram imunizadas não têm expectativa de serem vacinadas nesse ano.

Em relação à reabertura de estabelecimentos comerciais e de ensino, a maioria aprova o funcionamento do comércio de rua (61%). Mas a maior parte é contra a abertura de shoppings (57%), salões de beleza (51%), academias (62%) e bares e restaurantes (60%).

A pesquisa também apurou que, para 70% dos entrevistados, o impacto da pandemia na atividade econômica tem sido muito grande. Para 20%, tem sido grande. E apontou ainda que 71% dos brasileiros acreditam que a economia não deve dar sinais de retomada neste ano e só deve se recuperar em 2022.

O dado mostra aumento de dez pontos percentuais no pessimismo do brasileiro em um intervalo de nove meses — em julho do ano passado, eram 61%. A falta de vacina e a percepção sobre o impacto da pandemia na economia influenciam esse sentimento.

Do total de entrevistados, 83% consideram o ritmo de vacinação no Brasil lento e 35% das pessoas que ainda não foram imunizadas não têm expectativa de serem vacinadas nesse ano.

Segundo o instituto FSB, ainda que a pesquisa impossibilite afirmar que o ritmo de vacinação tem postergado a recuperação da economia, ela é medida fundamental “não só do ponto de vista do enorme custo humano que a pandemia impõe, mas também fundamental para a retomada da economia”.

Só a imunização em massa da população vai recolocar o Brasil no caminho da retomada da economia“, disse à ‘Folha de São Paulo’ o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. Ele defende que é preciso avançar na execução do Plano Nacional de Imunização para que a população consiga recuperar a confiança.

Trabalhadores sofrem com inflação dos alimentos

Além da perda de renda, os trabalhadores sofrem com a inflação dos alimentos. Levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que o preço de um prato feito aumentou, em média, 23% em um ano, bem acima da inflação no período.

A entidade compilou dados levando em conta seis alimentos em um prato feito: arroz, feijão, carne, salada, ovo e batata frita. A base de cálculo foram as variações até março de 2021 capturadas pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que teve alta de 6,1% em 12 meses.

A pesquisa revela que o preço do arroz aumentou 61% e o do feijão preto, 69%. O feijão carioca subiu 20%. Nos últimos 12 meses, o aumento do preço das carnes bovinas foi de 27,2% e do frango, de 13,9%. O ovo está 10% mais caro que há um ano. A batata subiu 19% e a cebola, 40%.

Sem estoque regulador, desmantelado por Michel Temer e ainda mais abandonado por Jair Bolsonaro, o dólar alto estimulou as vendas para fora e deixou os produtos ainda mais caros em reais. “Esse movimento do câmbio induz um aumento nas exportações, sobretudo dos cereais e das carnes, favorecendo a redução da oferta interna e pressionando os preços”, disse o pesquisador da FGV Matheus Peçanha.

Da Redação

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