Renúncia de Azeredo é estratégia para evitar julgamento no STF, diz líder do PT no Senado
A renúncia do deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), anunciada nesta quarta-feira (19/02), trata-se uma tentativa de retirar das mãos do Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento sobre as ilegalidades de que é acusado, para leva-lo à Justiça Federal de Minas, onde outros processos do chamado mensalão do PSDB não avançaram um milímetro sequer.
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Esta foi a avaliação feita pelo líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), após tomar conhecimento da leitura carta de renúncia do tucano no plenário da Câmara. Humberto acredita que Azeredo pretende proteger o PSDB de um processo de repercussão nacional às vésperas das eleições presidenciais. “Uma estratégia não somente para evitar que o Supremo se posicione sobre essa questão, como também para tentar tirar o foco sobre o PSDB, partido responsável por essa ação de corrupção que aconteceu no estado de Minas Gerais”, afirmou o senador a jornalistas. Humberto ainda pediu ao STF que adote tratamento similar ao da Ação Penal 470 no julgamento esquema tucano. “Espero que o Supremo pense e aja da maneira como agiu em relação aos membros do PT que foram processados, com o mesmo rigor”, sugeriu. Azeredo é réu na Ação Penal 536 no STF, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de se beneficiar de um esquema de desvio de recursos públicos para uso ilegal na campanha ao governo de Minas Gerais, em 1988. De acordo com o órgão, o desvio alcançaria, em valores atuais, R$ 9,3 milhões. Os recursos viriam de duas estatais e de um banco, todos administrados pelo governo mineiro. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a condenação de Eduardo Azeredo pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro, estipulando pena de 22 anos de reclusão mais multa. Com a renúncia, o STF deve decidir se leva adiante o julgamento ou se remete o processo para a Justiça Federal de Minas, onde são julgados outros acusados do chamado mensalão tucano. (PT no Senado)