Resistência hoje se dá pelo debate, diz Dilma ao Democracy Now

Presidenta eleita denunciou misoginia do golpe, falou sobre sua trajetória de luta em entrevista ao maior programa de mídia independente dos EUA

Reprodução

A presidenta eleita Dilma Rousseff em entrevista ao Democracy Now

Em entrevista ao mais importante programa de mídia independente dos Estados Unidos, o Democracy Now!, a presidenta eleita Dilma Rousseff denuncia a misoginia do golpe que sofreu, fala sobre as acusações contra o usurpador Michel Temer, sobre Eduardo Cunha, o cenário internacional, bem como sobre sua longa trajetória de luta e resistência política, além das vivências como defensora da democracia em tempos de ditadura.

“Para os articuladores do golpe, era uma questão de implementar a única maneira que eles tinham para barrar nosso programa, que era a defesa dos direitos sociais. Eles não conseguiram isso pelas vias das eleições, então fizeram pelo impeachment”, afirmou à jornalista Amy Goodman.

Sobre Eduardo Cunha, Dilma afirma que causa estranhamento o fato de todas as provas que levaram à condenação estarem disponíveis para o Judiciário e as autoridades antes do impeachment, mas nada ter sido feito. “Além disso, ele não era uma pessoa, apenas. Ele representa um processo muito ruim no Brasil, um processo muito perigoso”, afirmou.

“O que ele representa no cenário? Ele é um ultraconservador no que diz respeito aos direitos sociais e coletivos. É um homem homofóbico. Ele se opôs ao viés de gênero nas políticas para mulheres, o que é um absurdo. Então, o que aconteceu é que ele levou à hegemonia da extrema direita sobre o centro democrático, o que levou ao golpe. Os que também fazem parte desse grupo são tão responsáveis pelo golpe quanto ele, então o fato de ele estar na prisão não significa que esse tipo de prática política que ele representava esteja extinta. Bem ao contrário, hoje ela está por todo o governo, naqueles que apoiaram o golpe e que constituem um grupo político muito forte.”

“Acredito que nossa resistência hoje – e isso é um grande ganho para nós na América Latina -, é que podemos resistir sem ter de ir para a clandestinidade, usando a arma mais importante da democracia, que é a palavra, a discussão, o debate. Podemos fazer isso hoje. Antes, não podíamos. Estávamos de alguma forma acorrentados pela ditadura”, declarou.

Assista à entrevista à seguir, disponível apenas em língua inglesa:

Da Redação da Agência PT de Notícias

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