Rui Falcão: Até a mídia repudia o espetáculo escabroso contra Lula
O golpe continuado contra Dilma, Lula e, a seguir, o conjunto da esquerda, continuará a sofrer resistência, em todos os cantos do País, nas ruas e no exterior
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O escabroso espetáculo protagonizado contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba, pelo coordenador da força tarefa da Lava Jato, escandalizou o mundo. Até a grande mídia reprovou a parcialidade da denúncia dos procuradores, recheada de opiniões político-partidárias. E, pior, com os burocratas apoiando-se em provas inexistentes, valendo-se de suposta delação não homologada e apelando à opinião pública para forçar uma condenação antecipada de inocentes.
Do New York Times ao Guardian, da Forbes à Der Spiegel, passando por jornalistas livres e independentes no Brasil, a manipulação foi alvo de ironias e críticas severas. Afinal, na tentativa de interditar o Lula, os fiscais da lei ultrapassaram todos os limites, abandonaram o Estado Democrático de Direito e enveredaram pelo vale-tudo: fragilizam direitos fundamentais e justificam a própria violação da Constituição.
A substituição das provas pela “convicção”; a decisão de validar provas, mesmo que colhidas ilegalmente; a inversão do ônus da prova; as prisões prolongadas sem justificativa para coagir investigados a delatarem; os vazamentos seletivos antecipados para a mídia; enfim, o conjunto de ilegalidades perpetradas em nome do combate à corrupção revolta os que não se curvam ao arbítrio.
O PT, movimentos sociais, centrais sindicais, partidos políticos, intelectuais, jovens, estudantes, juristas reagiram de imediato e com firmeza, expressando sua solidariedade a Lula, a dona Marisa, a Paulo Okamoto. Foi uma demonstração de que o golpe continuado – contra Dilma, Lula e, a seguir, o conjunto da esquerda – continuará a sofrer resistência, em todos os cantos do País, nas ruas e no exterior.
A deposição injusta e ilegal da presidenta Dilma, além de atentado à democracia, abriu caminho para revogar direitos sociais, entregar riquezas nacionais (como o Pré-Sal e terras férteis) e violentar a soberania popular. A partir desta semana, quando o juiz Sérgio Moro decidirá se acata a denúncia sem provas, estamos organizando, com nossa militância e aliados, atos em todo o País para impedir que levem a cabo esta brutal injustiça contra o maior líder popular de nossa história.
Aos que insistem em persistir na escalada golpista, é bom lembrar o que disse o Marquês de Condorcet (citado no livro de Yanis Varouvakis, “O Minotauro Global”) a propósito dos déspotas, em 1794: “A força, como a opinião, não pode durar por muito tempo, a menos que os tiranos estendam seu império longe o suficiente para esconderem do povo … o segredo de que o poder real não reside nos opressores mas sim nos oprimidos”.
Rui Falcão é presidente nacional do PT