Sérgio Nobre: Guedes precisa respeitar os trabalhadores

Em ato realizado em Brasília, nesta quarta-feira, 8, presidentes da CUT, Força, UGT e representantes das demais centrais anunciaram propostas para a retomada da economia

Valcir Araújo

Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT)

“O Paulo Guedes precisa tomar juízo porque, se ele fizer metade do que diz que fará na economia, vai empurrar o País para um quadro de convulsão social, com quebradeira, falência de empresas e o povo nas ruas, desesperado”. Com essa advertência ao ministro da Economia, o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, fechou sua fala no ato unitário das Centrais Sindicais, realizado na manhã desta quarta-feira (8), em frente ao Ministério da Economia, em Brasília.

Ao lado de Sérgio Nobre, os presidentes da Força Sindical, UGT e dirigentes da CTB, CSB e NCST, viajaram a Brasília nesta madrugada para apresentar ao País documento com propostas do Fórum das Centrais Sindicais. Preservação da vida, geração de emprego, programa permanente de renda básica e uma agenda de retomada da economia são os eixos das propostas.

Às 17h, os presidentes das centrais entregaram as propostas aos secretários Bruno Bianco Leal, Especial de Previdência e Trabalho, e do Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo. O documento já foi entregue oficialmente ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em 21 de junho, durante videoconferência entre o parlamentar e os presidentes das seis centrais.

O ato, simbólico, reuniu 80 sindicalistas, que respeitaram todos os protocolos sanitários para evitar contágio e propagação do novo coronavírus (Covid-19). Foto: Valcir de AraújoSérgio Nobre destacou, em sua fala no ato, que a CUT e o fórum das centrais debateram e formularam propostas para que o Brasil saia da crise e retome o rumo do crescimento com geração de empregos e justiça social.

“Nós não podemos permitir que um governo genocida como o do Bolsonaro e a política ultraliberal de Paulo Guedes arrochem ainda mais a economia gerando ainda mais desemprego. Esse governo tem a obrigação de respeitar a classe trabalhadora e as nossas propostas”, disse o presidente nacional da CUT.

Sérgio Nobre lembrou que o Brasil, antes da pandemia, já estava com a economia em crise e desemprego recorde, problemas que se agravaram com a crise sanitária, que foi aumentada pelo comportamento genocida e negacionista de Bolsonaro. Sérgio destacou ainda a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos trabalhadores da saúde e dos serviços públicos, que estão na linha de frente no enfrentamento à Covid-19.

Em março, lembrou Sérgio Nobre, a CUT e o fórum das centrais sindicais já alertavam a  importância e urgência de o governo tomar medidas para proteger a vida, e elas não foram tomadas. “Porque Bolsonaro desdenhou da crise falou, ‘o que eu tenho haver com isso’ e que ‘era uma gripezinha”, disse o presidente nacional da CUT.

E completou: “mas essa gripezinha já levou mais de 68 mil companheiros e companheiras, principalmente da classe trabalhadora e da camada mais pobre, que são as mais vulneráveis nessa pandemia”.

Pressão dos trabalhadores

Sobre o auxílio emergencial de R$ 600, Sérgio Nobre e os demais presidentes reafirmaram, durante o ato, que o valor foi resultado da luta das centrais. “O governo começou com R$ 120 e, depois, anunciou R$ 200; foi a pressão do movimento sindical que elevou para R$ 600”, disse, ao apontar que o auxílio não chegou para todos, por causa da descoordenação e burocracia do governo federal.

“Propomos e exigimos que o auxílio emergencial seja estendido até o fim da pandemia e mais, que seja criado programa permanente de renda básica para garantir a sobrevivência de milhões de brasileiros após a pandemia”, disse o presidente da CUT.

“Não adianta procurar porque não tem emprego. Não adianta dar empréstimo porque as micro e pequenas (que empregam a maioria dos trabalhadores hoje no País) não têm como pagar, tem que ter crédito a fundo perdido”, contextualiza Sérgio Nobre.

Segundo o presidente da CUT, o Brasil tem jeito é só olhar para as coisas que precisam ser feitas dentro do País. “Melhorar o sistema de mobilidade urbana, investir em amplos programas habitacionais, de infraestrutura, de segurança alimentar”. “O Guedes tem que olhar e respeitar o povo brasileiro, em especial os trabalhadores que estão na linha de frente do enfrentamento à pandemia, pois a prioridade da CUT e crescimento do país com justiça social”

Centrais Sindicais protestam em Brasília e pedem mudanças radicais na política econômica. Foto: Valcir de Araújo

Protocolos

É a primeira vez que o presidente nacional da CUT participa de um ato presencial desde o início da pandemia, em março. A CUT e as demais centrais defendem o isolamento social e as demais recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), de uso de máscara e álcool em gel quando não puder lavar as mãos com sabão e, durante o ato respeitaram todos os protocolos de proteção.

Por isso, não houve aglomeração. O ato foi simbólico com a participação de cerca de 50 dirigentes de todas as centrais.

Em tempo real

A militância da CUT atendeu ao chamado e participou do ato em Brasília, de forma virtual, em tempo real, por meio do manif.app, ferramenta criada por sindicalistas da França e utilizada para manifestações durante a pandemia.

Pelo aplicativo, os militantes e as militantes criaram um avatar, que carregava um cartaz e aparecia no local do protesto, no caso, em frente ao Ministério da Economia. Para participar bastava clicar no link disponibilizado nos sites e redes sociais da CUT e das demais centrais.

CUT

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