Sob Bolsonaro, maior fundo soberano mundial reduz investimento bilionário
Entre 2019 e 2021, país perdeu do Fundo de Pensão do governo norueguês US$ 3,69 bi. Ministro do Clima e do Meio Ambiente diz que se houver mudança no governo, recursos podem ser rapidamente retomados
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Lula é a esperança do Brasil voltar a ganhar mais recursos entre os 69 países que recebem investimentos do maior fundo soberano do mundo, o Fundo de Pensão do Governo da Noruega. Por causa da irresponsabilidade de Bolsonaro, o país perdeu capitais no valor US$ 3,69 bilhões (cerca R$ 18,8 bilhões) entre 2019 e 2021.
Recentemente, o ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide, disse em entrevista à Reuters que “se for como mostram as pesquisas e houver uma mudança [de governo] no Brasil, temos grandes esperanças de que possamos retomar rapidamente uma parceria boa e ativa”.
A declaração foi dada em relação à prevenção do desmatamento na Amazônia. Nesta terça-feira (23), dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que um novo recorde de queimadas foi batido na Amazônia nas últimas 24 horas.
“O que eles disseram, do lado da oposição, foi muito positivo”, disse também o ministro Eide, acrescentando que o trabalho no fundo pode ser retomado “muito rápido”, em questão de “semanas ou meses”, “desde que a oposição faça o que diz que vai fazer”.
Atualmente, 151 empresas brasileiras contam com recursos ou investimentos dos noruegueses, incluindo bancos, empresas aéreas, varejo, transporte e saneamento.
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Desprestígio do Brasil
O desprestígio do país no governo de Bolsonaro resulta no efeito dominó de perdas de investimentos. O volume no mercado de capitais no Brasil tem caído desde 2019, quando os escandinavos destinavam US$ 9,6 bilhões ao Brasil, dos quais 10% iam para a Petrobras.
Um ano depois, o valor foi reduzido para US$ 6,8 bilhões. Se no final de 2019 os noruegueses destinavam 0,9% do fundo ao Brasil, a taxa caiu para 0,5% em 2020.
Em 2021, o fluxo de recursos caiu para US$ 6 bilhões, apenas 0,4% de todos os recursos do fundo norueguês ao mundo. Pela cotação do dólar no final do ano passado, o valor do corte significava praticamente uma redução de 20 bilhões de reais nos fluxos ao país.
Suspensão na lista de beneficiários
Não bastasse a queda de recursos investidos no Brasil, empresas foram suspensas da lista de beneficiários dos valores destinados pela Escandinávia.
A Vale, por exemplo, foi uma das empresas que deixaram de receber capital por representar “danos ambientais graves”. Inclusive, foi recomendado que ela fosse excluída por uma sequência de rupturas de barragens no Brasil.
No governo de Bolsonaro, a Vale tem cavado sua própria cova. Vista como um risco ambiental, o Conselho de Ética do Fundo Norueguês aponta a exclusão empresa da lista de beneficiários “devido a um risco inaceitável de que a empresa esteja contribuindo ou seja ela própria responsável por graves danos ambientais”.
“A Vale é o maior produtor mundial de minério de ferro e se envolve em diferentes tipos de mineração e outras operações em aproximadamente 30 países. Em novembro de 2015, uma barragem de rejeitos falhou em uma mina no Brasil pertencente à Samarco, uma joint venture 50/50 entre a Vale e a BHP Billiton. O incidente causou a morte de 19 pessoas e teve sérias consequências ambientais. O relatório de um inquérito encomendado pela BHP Billiton apontou sérios defeitos na barragem. Os defeitos eram de tal natureza que era provável que a empresa tivesse conhecimento deles”, ressaltou o Conselho.
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Da Redação, com informações do Metrópoles e Folha de S. Paulo