STF julga destino de 98 mil contratados por Aécio em MG
Trem da Alegria patrocinado pelo tucano foi declarado inconstitucional e só adiamento de julgamento dessa quinta-feira (5) pode evitar demissões até 1º de abril
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O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), prometeu conversar com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (4), para tentar adiar julgamento que pode resultar na exoneração de 98 mil servidores do estado. O efetivo foi integrado aos quadros do funcionalismo por meio de manobra jurídica do então governador do estado, o hoje senador Aécio Neves (PSDB).
A Lei Complementar 100, de autoria de sua gestão, foi editada em 2007, como solução para enquadrar dezenas de milhares de trabalhadores na educação como servidores estáveis. O trem da alegria não colou e a lei acabou sendo julgada inconstitucional pelo STF, que caminha para os tramites finais da apreciação do caso.
O último embargo sobre o caso tem julgamento previsto para quinta-feira. Ele pode resultar na exoneração de todos os servidores eles até 1º de abril. Pimentel quer ganhar tempo para tentar achar uma alternativa mais confortável para o contingente exonerado.
O governador afirmou que vai procurar o ministro Dias Toffoli para tratar do caso.
“Eu vou a Brasília à tarde para pedir ao ministro Dias Toffoli o adiamento do julgamento até o fim do ano, para achar uma situação mais confortável para os servidores”, disse Pimentel.
“De qualquer maneira, a decisão do STF será cumprida. Vamos certamente ter que abrigar estes servidores, que serão exonerados, de uma outra forma; mas, como efetivos, não podemos”, lamentou.
Cálculos do governo estimam que 20 mil dos ilegais podem se aposentar antes das demissões. Se o julgamento não for adiado, 78 mil serão demitidos em poucos dias.
Dívida tucana – Pimentel também decidiu pagar a dívida tucana de R$ 1,15 bilhão deixada pelo governador Alberto Pinto Coelho (da coligação PSDB-PP).
Apesar dos protestos que os credores fazem nos bastidores, não há, porém, data para realização dos pagamentos, pois o empenho dos valores só vai ocorrer após aprovação do orçamento 2015 do estado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG)
A dívida herdada por Pimentel foi identificada por auditoria realizada nos primeiros 60 dias de sua gestão no governo de Minas Gerais. Agora reconhecida, a dívida resultou em calote aplicado contra os fornecedores na última semana do mandado de Pinto Colho, em dezembro de 2014.
Na surdina, o ex-governador suspendeu o pagamento a fornecedores de órgãos e setores como Departamento de Estradas de Rodagem (DER) de Obras, saúde e segurança pública.
A secretaria lamenta o episódio, que submete a atual administração a uma saia justa pela qual não tem qualquer responsabilidade: “O governo anterior não deu nenhuma satisfação aos credores que agora batem na porta do novo governo tentando receber”, relata a assessoria
Pinto Coelho ficou menos de nove meses no cargo, após substituir, a partir de abril passado, o agora senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) quando este deixou o cargo de governador para se candidatar ao Senado.
Auditoria – Após análise de uma auditoria sobre o caso e confirmação de que as despesas foram realmente contraídas, o atual governo petista de Minas decidiu honrar a dívida, mesmo sendo ela uma afronta à Lei de Responsabilidade Fiscal.
“Esse valor se refere ao DEA, as Despesas de Exercícios Anteriores, que efetivamente ocorreram no ano passado. Algumas foram empenhadas mas o empenho (foi) suspenso nos últimos dias de dezembro”, registrou a assessoria da secretaria de estado, ao relatar que “tudo foi feito no apagar das luzes da gestão anterior”.
No momento, de acordo com esclarecimento oficial, o governo faz um detalhamento minucioso da dívida para tentar incorporá-la ao orçamento 2015, ainda não no Legislativo.
As negociações com os credores, de acordo com o mesmo informante, ainda não começaram e só serão possíveis após a formalização do reconhecimento da dívida no orçamento em tramitação no legislativo estadual.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias