Tentativa de golpe mira no desgaste da imagem de Dilma e do PT
Para especialistas, hipótese de impeachment é fora da realidade e objetivo é ‘fazer o partido sangrar’ em 2016
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As tentativas do PSDB de destituir a presidenta Dilma Rousseff, democraticamente reeleita, demonstram que a oposição pratica uma “política de terra arrasada”, que dá margem ao radicalismo e à fragilização das instituições políticas. O alerta é do doutor em Sociologia e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), Luis Otávio Teles Assumpção.
Segundo o sociólogo, mesmo diante da falta de argumentos judiciais contundentes, o discurso pró-golpe pode gerar uma “histeria coletiva”.
Mesmo sem que haja qualquer comprovação de participação da presidenta em casos de corrupção, como os investigados pela operação Lava Jato, ou qualquer outro crime de responsabilidade, o PSDB já ingressou com cinco denúncias junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra Dilma e o vice Michel Temer (PMDB). Duas delas foram arquivadas.
Para o especialista, a oposição pode estar fazendo uso da artilharia contra Dilma para enfraquecer o Partido dos Trabalhadores. “Pergunto-me se, na verdade, a oposição pretende o impeachment ou se está querendo que o PT sangre cada vez mais para perder força política, porque tem a eleição de 2016”, argumenta.
O doutor em Ciências Sociais Alex Macedo também acha que o objetivo do PSDB é gerar um desgaste de imagem. “Toda oposição sabe que essas tentativas não dão em nada, mas o jogo historicamente desenvolvido no Brasil é desgastar a imagem do governo”, avalia.
O objetivo, segundo Macedo, é impedir que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participe das eleições de 2018 e saia vencedor. “Eles avaliam que não investiram pesadamente contra os governos Lula e o ex-presidente realizou um grande governo, com grande aprovação popular”, afirma.
A estratégia é aproveitar a crise econômica mundial, que afeta o Brasil, para gerar a sensação de que o governo está realmente cometendo algum erro. “Quando a população percebe que a economia está em retração, tem a sensação de que está tudo ruim e vai piorar”, explica.
Macedo reitera que não há probabilidade de ocorrer um impeachment. “O capitalismo alterna momentos de retração e expansão. Estamos em um momento de retração. Se fosse um momento de expansão, não teríamos metade desses ataques ao governo Dilma”, ressalta.
Delírio – Mesmo com instituições responsáveis tratando como “improvável” a destituição da presidenta Dilma, o candidato derrotado nas eleições de 2014, Aécio Neves (PSDB), afirmou na terça-feira (7), em entrevista à Rádio Gaúcha, que a Convenção Nacional de seu partido o “reelegeu presidente da República”.
O delírio do senador não se realizaria sequer na hipótese de um impeachment. De acordo com a Constituição Federal, a destituição do cargo só é possível em caso de comprovação de crime de responsabilidade ou crime comum, como tráfico de drogas.
Em caso de afastamento da presidenta, após julgamento no Senado Federal, o herdeiro natural do cargo é o vice, Michel Temer (PMDB). Outro processo eleitoral só ocorreria caso o peemedebista também estivesse impedido de assumir e, ainda assim, se o impeachment ocorresse durante a primeira metade do mandato presidencial.
Nesse caso, o presidente da Câmara assumiria interinamente e teria que marcar um novo pleito em até 90 dias. As coligações não são obrigadas a indicar o mesmo candidato das eleições anteriores. Aécio, portanto, teria uma briga dura com Geraldo Alckmin e José Serra, ambos do PSDB e potenciais candidatos que contam com a preferência do eleitorado e da base paulista.
Por Cristina Sena, da Agência PT de Notícias