Trabalhadores protestam contra a Ford com atos nas concessionárias do país

Centrais sindicais e sindicatos realizaram ato de solidariedade trabalhadores e contra o fechamento das fábricas da montadora em diversas concessionárias localizadas nas capitais do país. As manifestações também tiveram como objetivo denunciar os impactos negativos do fechamento das unidades de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE). Por solicitação do PT, a Alesp realizou audiência pública na quarta-feira (20) para debater os impactos devastadores no mercado de trabalho e na economia brasileira

Sindicato dos Metalúrgicos/SP/SP

Trabalhadores/as se reuniram em frente a concessionárias da montadora nesta quinta-feira (21)

Nesta quinta-feira (21) representantes da CUT e demais centrais sindicais (Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB), da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT) e de diversos sindicatos, entre eles o dos Metalúrgicos do ABC, Taubaté e de Camaçari realizaram um ato de solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras da Ford em frente às concessionárias da montadora norte-americana em diversas regiões do país.

As manifestações que ocorreram pela manhã fazem parte da agenda de mobilização que foi aprovada pelos trabalhadores da Ford de Taubaté e Camaçari para tentar reverter a o encerramento das atividades das fábricas através de protestos, audiências públicas, plenárias, diálogo com a sociedade e com parlamentares.

O ato central, com a presença dos presidentes da CUT e de representantes das demais centrais, da IndustriALL-Brasil e de outras organizações apoiadoras, foi realizado na concessionária Ford da Avenida Doutor Ricardo Jafet, 1259, zona sul da capital de São Paulo .

Nas cidades de Taubaté e São José dos Campos, interior do estado, o ato foi realizado  em frente à concessionária Econorte. Na Bahia, os trabalhadores e trabalhadoras da Ford fizeram uma assembleia em frente à sede da empresa na cidade.

Os atos também tiveram como objetivo denunciar os impactos negativos do fechamento das unidades de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), para os trabalhadores da Ford, à sociedade e ao país.

Segundo o Dieese, as demissões de aproximadamente 5 mil trabalhadores e trabalhadoras podem levar ao fechamento de quase 120 mil postos de trabalho, considerando a cadeia econômica. Além dos impactos econômicos na cidade, onde as empresas deixarão de funcionar, o país vai deixar de arrecadar em torno de R$ 3 bilhões com a saída da Ford.

PT realiza audiência na Alesp

Na quarta-feira (20), na Assembleia Legislativa de São Paulo, o líder do PT, deputado Teonilio Barba presidiu uma audiência pública virtual com deputados, presidentes de sindicatos e trabalhadores para discutir as conseqüências da decisão da Ford para o mercado do trabalho e para a economia.

Segundo o líder do PT, é preciso envolver os três governadores dos estados afetados pelo fechamento das fábricas.

“Não podemos repetir a experiência de São Bernardo, na qual o governador João Doria se comportou como um corretor. Deixou a Ford encerrar suas atividades na cidade, causando impacto sobre 10 mil trabalhadores, sem tomar qualquer iniciativa”, afirmou.

Barba diz que é necessário entender o fechamento da Ford como um escândalo nacional. A empresa, instalada há mais de cem anos no Brasil, recebeu incentivos fiscais e créditos subsidiados bilionários. Não pode simplesmente virar as costas e sair do país, deixando trabalhadores sem seus empregos. Nos cálculos do parlamentar, o encerramento das atividades das unidades fabris vai causar impactos, diretos e indiretos, sobre 120 mil trabalhadores ligados à cadeia automotiva.

Para o deputado Emidio de Souza, um dos proponentes da audiência, a desindustrialização vem atingindo, há décadas, a estrutura produtiva do país e de várias cidades brasileiras.

“Desde Getúlio Vargas até os governos militares, houve a defesa da indústria nacional. Hoje, não temos plano estratégico de desenvolvimento nacional e retornamos à dualidade entre o Brasil rural e o industrial”, compara Souza. “Entre os governos promotores do desmonte industrial, o de Bolsonaro é o pior deles. Um governo capacho dos americanos, que concorda com os ataques à soberania nacional”, criticou o deputado.

Para Emidio de Souza, não haverá política nacional de desenvolvimento com o atual governo. “A política dele é esta que está aí. Se não reagirmos, estaremos brevemente fazendo audiência pública para outros casos de fechamento que irão surgir. Precisamos criar um comitê de defesa da política de desenvolvimento nacional para pressionar o governo a dotar medidas de proteção à indústria brasileira”, enfatizou.

Da Redação

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