Projeto São Francisco cria oásis no sertão

Cidades como Salgueiro, em Pernambuco, teve seu comércio revitalizado com as obras e o fluxo de recursos. Na regão, 50 novas pequenas empresas foram abertas só neste ano

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Salgueiro teve sua realidade transformada com a chegada das obras de transposição: emprego e renda para os moradores

Considerada uma das cidades centrais do Nordeste, Salgueiro sedia a coordenação do Projeto São Francisco, uma das mais importantes obras em andamento no país. A cidade é uma das que mais recebem investimentos na região e tornou-se um oásis no sertão nordestino, graças aos maciços investimentos do governo federal na região.

No ano passado, por exemplo, ganhou um grande shopping e uma fábrica de cerveja, entre outros muitos investimentos de menor porte, tudo graças ao aumento da circulação de dinheiro na cidade. O pequeno comércio local também cresceu gerando empregos formais e informais. Para se ter uma ideia, somente nos quatro primeiros meses deste ano, foram abertas 50 novas empresas no município. Até mesmo quem um dia saiu daqui em busca de uma vida melhor, retornou para investir.

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João Gomes, do CDL: 50 empresas criadas na região somente em 2014

“Houve uma mudança positiva com a transposição”, confirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), João Gomes, também secretário de Finanças do município.

“Levando-se em consideração que não temos grandes empresas na área industrial, a nossa economia gira em torno do comércio e serviços”, acrescenta Gomes. Segundo ele, 70% da mão de obra da cidade está distribuída nos dois setores.

O shopping, por exemplo, tem mais de 40 lojas e gera de centenas de novos empregos diretos, o que é comemorado por todos. O presidente da CDL conta que hoje a cidade tem mais de duas mil firmas cadastradas.

“São as mais diversas, como salão de beleza, restaurantes e, principalmente na área da construção civil com o crescimento do mercado imobiliário”, afirma.

Segundo ele, empresas, que antes eram privilégios apenas dos grandes centros, hoje estão instaladas em Salgueiro com prosperidade. “Graças ao momento que estamos passando”, comemora Gomes.

Carlos Costa da Silva é um dos pequenos investidores de Salgueiro, cidade que ele deixou há oito anos para viver em São Paulo, onde trabalhou como repositor de mercadorias em um supermercado. Hoje ele é dono do salão Carlinho, instalado modestamente no bairro da Cohab, onde entre sete e 10 pessoas, segundo ele,  entram para cortar o cabelo diariamente.

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Carlos voltou de São Paulo para abrir seu salão onde atende até dez clientes por dia.

“Fiz um curso de barbeiro e voltei para cá por dois motivos: a cidade cresceu e teve uma melhorada e também por saudades da família”, revela Carlinho, que é pai de duas filhas.

Uma parte do Eixo Norte do Projeto São Francisco fica em Salgueiro. O canal por onde a água vai passar em direção a outros estados do Nordeste, cruza com os trilhos da ferrovia que também vai cortar a região. A poucos metros está a rodovia BR-232, que faz a ligação de Pernambuco com vários estados da região. O cenário simboliza o processo de desenvolvimento pelo qual passa a área central de Pernambuco.

Onde antes havia seca e necessidades, hoje há geração de empregos e circulação de dinheiro.

“Com a transposição, muitas pessoas voltaram a trabalhar. Com isso, a população voltou a comprar mais”, diz Cezário Lourival de Souza, pai de três filhos.

Ele foi um dos moradores da área da transposição indenizado pelo governo. Hoje, vive em uma das vilas construídas para abrigar as famílias que moravam onde passará a água do rio São Francisco. Cezário, que também é vice-presidente da associação de moradores da vila, já conseguiu comprar seu carro usado, enquanto alguns de seus vizinhos preferem as motocicletas, comuns por lá.

Na vila, no pé da Serra do Negreiros, que dá o nome ao local, estão outras 29 famílias, que hoje trabalham para as empresas responsáveis pelas obras de transposição. Elas contam com escola e posto médico. As casas têm três quartos construídos em um terreno grande, onde outras edificações podem ser levantadas. Os moradores aguardam um lote de um hectare irrigado para voltar a plantar. Enquanto isso, mantém hortas e pequenas lavouras na área. Uma coisa todos têm em comum: a esperança voltou.

 

Por Edson Luiz (Texto) e Cadu Gomes (Fotos), da Agência PT de Notícias

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