Vacinação de crianças: sociedade reage à política macabra de Bolsonaro

O diretor-presidente da Anvisa chamou de “estatística macabra” a morte de 301 crianças no Brasil, desde o início da pandemia. O ministro Queiroga minimizou a morte de crianças e questionou a urgência da vacinação infantil

Site do PT

Governo quer impedir vacinação das crianças

Os secretários estaduais de Saúde reagiram ao anúncio do governo de Jair Bolsonaro de que irá recomendar que crianças de 5 a 11 anos sejam vacinadas contra Covid-19, desde que mediante a apresentação de prescrição médica e consentimento dos pais. Em resposta, os gestores fizeram um cartão de Natal (veja abaixo) a crianças do Brasil para avisar que não vão exigir nenhum tipo de documento para vaciná-los. Além de tentar impor a exigência da receita médica, o governo ainda investe para construir falsos argumentos por meio de uma “consulta pública” com perguntas facciosas e sem qualquer validação de dados dos participantes.

As criminosas tentativas de Bolsonaro para barrar ou, pelo menos, postergar a vacinação das crianças foram questionada pelo diretor-presidente da Anvisa, contra-almirante Antônio Barra Torres. Na semana passada, em entrevista ao jornal O Globo, Barra Torres chamou de “estatística macabra” a morte de 301 crianças no Brasil, desde o início da pandemia. O diretor-presidente da Anvisa respondeu ao ministro Queiroga que minimizou a morte de crianças no país e questionou a urgência da vacinação infantil.

“Eu entendo que o ministério precisa apresentar à sociedade a justificativa do porquê de nós mantermos inalterada uma estatística macabra”, cobrou o diretor-presidente da Anvisa. “Nós temos 301 crianças mortas na faixa de 5 a 11 anos desde que a Covid começou até o início do mês de dezembro. Nesses 21 meses, numa matemática simples, nós teríamos um pouquinho mais de 14 mortes de crianças ao mês, praticamente uma a cada dois dias — disse Barra Torres, em entrevista ao GLOBO.

Para o ministro Queiroga, “os óbitos de crianças estão absolutamente dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais. Ou seja, isso favorece que o ministério possa tomar uma decisão baseada na evidência científica de qualidade, na questão da segurança, na questão da eficácia e da efetividade”. Após uma série de ataques contra a Anvisa e seus técnicos, o governo abriu nesta quinta-feira, 23, uma desnecessária “consulta pública”, com o claro objetivo de dificultar a vacinação das crianças, autorizada pela instituição.

PT cobrou vacina, urgência e cronograma

O governo de Bolsonaro e Queiroga tem até o próximo dia 5 de janeiro para apresentar um cronograma que viabilize a cobertura vacinal adequada de toda a população infantil antes da retomada das aulas”. A determinação é do ministro Ricardo Lewandwoski, em resposta à petição do Partido dos Trabalhadores, apresentada na semana passada. O PT também solicitou “a previsão de um dia nacional (Dia D) para vacinação, ou a designação de possíveis datas para a realização de grandes mutirões de incentivo e vacinação”.

A Anvisa e seus técnicos foram alvo de ataques generalizados do bolsonarismo, incluindo o presidente Bolsonaro que, em sua live semanal, ameaçou expor os nomes dos funcionários, como uma espécie de chamamento ao linchamento público. A reação dos técnicos foi imediata, em nota assinada pelo diretor-presidente da Anvisa, Barra Torres, e técnicos que autorizaram a vacinação das crianças, e posteriormente por um vídeo com participação de todo o corpo técnico. As crianças também foram utilizadas por Bolsonaro em seus ataques ao uso de máscaras.

Da Redação

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast