Vacinação de crianças: sociedade reage à política macabra de Bolsonaro
O diretor-presidente da Anvisa chamou de “estatística macabra” a morte de 301 crianças no Brasil, desde o início da pandemia. O ministro Queiroga minimizou a morte de crianças e questionou a urgência da vacinação infantil
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Os secretários estaduais de Saúde reagiram ao anúncio do governo de Jair Bolsonaro de que irá recomendar que crianças de 5 a 11 anos sejam vacinadas contra Covid-19, desde que mediante a apresentação de prescrição médica e consentimento dos pais. Em resposta, os gestores fizeram um cartão de Natal (veja abaixo) a crianças do Brasil para avisar que não vão exigir nenhum tipo de documento para vaciná-los. Além de tentar impor a exigência da receita médica, o governo ainda investe para construir falsos argumentos por meio de uma “consulta pública” com perguntas facciosas e sem qualquer validação de dados dos participantes.
CARTA DE NATAL DO CONASS ÀS CRIANÇAS DO BRASIL https://t.co/oBwtUIbTgv via @CONASSoficial pic.twitter.com/rCFPl4dj5K
— CONASS (@ConassOficial) December 24, 2021
As criminosas tentativas de Bolsonaro para barrar ou, pelo menos, postergar a vacinação das crianças foram questionada pelo diretor-presidente da Anvisa, contra-almirante Antônio Barra Torres. Na semana passada, em entrevista ao jornal O Globo, Barra Torres chamou de “estatística macabra” a morte de 301 crianças no Brasil, desde o início da pandemia. O diretor-presidente da Anvisa respondeu ao ministro Queiroga que minimizou a morte de crianças no país e questionou a urgência da vacinação infantil.
Às vésperas do Natal, o ministro da Saúde faz uma declaração absurda que parece de Herodes, enquanto cria obstáculos para a vacinação de crianças. O presidente da Anvisa tem razão ao querer proteger a instituição, a ciência e as crianças na pandemia, respeitando o bom senso.
— Lula (@LulaOficial) December 24, 2021
“Eu entendo que o ministério precisa apresentar à sociedade a justificativa do porquê de nós mantermos inalterada uma estatística macabra”, cobrou o diretor-presidente da Anvisa. “Nós temos 301 crianças mortas na faixa de 5 a 11 anos desde que a Covid começou até o início do mês de dezembro. Nesses 21 meses, numa matemática simples, nós teríamos um pouquinho mais de 14 mortes de crianças ao mês, praticamente uma a cada dois dias — disse Barra Torres, em entrevista ao GLOBO.
Para o ministro Queiroga, “os óbitos de crianças estão absolutamente dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais. Ou seja, isso favorece que o ministério possa tomar uma decisão baseada na evidência científica de qualidade, na questão da segurança, na questão da eficácia e da efetividade”. Após uma série de ataques contra a Anvisa e seus técnicos, o governo abriu nesta quinta-feira, 23, uma desnecessária “consulta pública”, com o claro objetivo de dificultar a vacinação das crianças, autorizada pela instituição.
Queiroga e Bolsonaro, quando vocês vão vacinar as nossas crianças? Covid-19 matou uma pessoa de 5 a 11 anos a cada 2 dias. Precisamos urgente proteger nossas crianças para derrotar essa pandemia!
— Alexandre Padilha (@padilhando) December 23, 2021
PT cobrou vacina, urgência e cronograma
O governo de Bolsonaro e Queiroga tem até o próximo dia 5 de janeiro para apresentar um cronograma que viabilize a cobertura vacinal adequada de toda a população infantil antes da retomada das aulas”. A determinação é do ministro Ricardo Lewandwoski, em resposta à petição do Partido dos Trabalhadores, apresentada na semana passada. O PT também solicitou “a previsão de um dia nacional (Dia D) para vacinação, ou a designação de possíveis datas para a realização de grandes mutirões de incentivo e vacinação”.
A Anvisa e seus técnicos foram alvo de ataques generalizados do bolsonarismo, incluindo o presidente Bolsonaro que, em sua live semanal, ameaçou expor os nomes dos funcionários, como uma espécie de chamamento ao linchamento público. A reação dos técnicos foi imediata, em nota assinada pelo diretor-presidente da Anvisa, Barra Torres, e técnicos que autorizaram a vacinação das crianças, e posteriormente por um vídeo com participação de todo o corpo técnico. As crianças também foram utilizadas por Bolsonaro em seus ataques ao uso de máscaras.
Da Redação