Val Carvalho: Nós, rebeldes com causa
1. Antes de ser petista o militante é um rebelde. Rebelde porque não se conforma com o status quo; e petista porque também racionaliza politicamente a sua rebeldia pela transformação…
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1. Antes de ser petista o militante é um rebelde. Rebelde porque não se conforma com o status quo; e petista porque também racionaliza politicamente a sua rebeldia pela transformação social do país. Vivemos um momento em que são exigidas no limite tanto a rebeldia quanto a racionalidade política do militante petista. Na realidade, mais do que o PT é o futuro do Projeto Democrático e Popular que vai depender em grande parte da capacidade do militante de se rebelar, junto com a direção do PT, contra o que tolhe o nosso partido e de compreender as mudanças sociais que o próprio partido operou, por meio do governo federal.
2. As últimas resoluções políticas o Diretório Nacional têm apontado alguns caminhos de luta como saída para a crise do partido. No entanto, a estrutura do partido ainda não conseguiu responder a essa acertada orientação política pois está muito enfraquecida por anos de desvio eleitoral, atuação burocrática e filiações fisiológicas. Apesar disso o resgate da militância no segundo turno das eleições representou um forte sopro de vida no partido e o está ajudando a se renovar e enfrentar a maior campanha de desmoralização de nossa história, conduzida diuturnamente pelo cartel da mídia reacionária. A crise profunda pela qual passa o PT é antes a do partido que se tornou prisioneiro do pragmatismo do que a do PT que luta pelo Projeto Nacional Democrático e Popular. Este Projeto, que tem ampla base social e é realizado pelo governo federal, se mostrou forte o bastante para suportar os incessantes ataques do bloco reacionário que controla os meios de comunicação de massa e, portanto, a narrativa política dominante. Esta é uma situação que exige, da parte do governo, uma mudança imediata de sua política de comunicação.
3. Nas eleições de 2014 a oposição e a grande mídia, encorajadas com a saída do PSB da Coalizão, avançaram com tudo contra Dilma e o PT, mas foram derrotadas mais uma vez. Contudo, a vitória apertada da presidenta e o seu silencio sobre as primeiras medidas que tomou acabaram estimulando o golpismo contra o governo. Certamente que o combate à corrupção na Petrobrás é necessário, principalmente como oportunidade para acabarmos com o financiamento empresarial das campanhas. É esse o objetivo da presidenta Dilma, que garante a independência das investigações. Não é, porém, a posição do bloco reacionário, que usa do seu quase monopólio da informação para tentar transformar a operação Lava Jato num novo “mensalão” contra o PT. Ao fazer isso, porém, a direita ataca a Petrobras deixando claro que não quer punir os corruptos, mas destruir a nossa maior empresa, que tem peso histórico e papel estratégico na economia do país. A Petrobras representa 15% do PIB nacional.
4. Ao ficar claro que por trás do suposto combate à corrupção há um esquema para desestabilizar o governo e grande pressão de interesses internacionais para privatizar a Petrobras e entregar o pré-sal, os trabalhadores e os setores democráticos do país começaram a reagir. O Ato de defesa da Petrobras realizado na ABI, com a participação de Lula, representou o passo decisivo para a mobilização democrática e popular da sociedade. Liderados pela CUT-FUP os trabalhadores e setores democráticos estão indo para as ruas lutarem ao mesmo tempo pela garantia dos direitos e do emprego; contra o golpismo, pela legalidade democrática e a soberania nacional e pela Reforma Política e a regulação da mídia.
5. O povo sabe que no Brasil a corrupção é um sistema que envolve todos os grandes partidos e sempre existiu na política nacional. Mas, ao contrário da mídia e da oposição, que apenas fazem uso partidário do combate à corrupção, o bloco popular defende que se combata até o fim tanto os corruptos quanto os corruptores e sem exceções nem denúncias seletivas. Não podemos tolerar o protecionismo da mídia e de parte do Judiciário em relação a determinados partidos e políticos, como são os casos do PSDB e de Aécio Neves. O verdadeiro objetivo da oposição não é o combate à corrupção, mas usar as denúncias seletivas para derrubar o governo do PT.
6. Os fatos vêm mostrando a retomada crescente das lutas sociais e democráticas e a decisiva atuação da maior liderança popular do país, Lula. Os exemplos são muitos. Na Câmara dos Deputados, a Coalizão pela Reforma Política proposta pela OAB e CNBB; nas ruas, as mobilizações lideradas pela CUT-FUP e da qual fazem parte o PT, MST, UNE, PCdoB e outras forças de esquerda; nos atos da sociedade civil, a unidade das lideranças políticas, intelectuais e artistas, como na Aliança pelo Brasil; nos governos estaduais, a iniciativa do governador Flávio Dino, do Maranhão, de chamar os governadores do Nordeste para uma frente em defesa da legalidade e contra a crise econômica. Essas e muitas outras iniciativas, juntamente com a mobilização da combativa militância petista, são indícios da convergência das lutas sociais, políticas e ideológicas que pode leva à formação de uma ampla Frente Popular de caráter orgânico e permanente. Nesse sentido é fundamental o papel de Lula e do PT, de sua militância e intelectuais renovando a defesa do projeto democrático popular nas lutas.
7. Ao lado do novo equilíbrio de forças na Coalizão governamental, necessário para a governabilidade institucional, torna-se ainda mais necessário a unidade das forças populares e democráticas numa ampla Frente Popular capaz de desempenhar o papel de novo sujeito político da transformação social do país. Uma Frente que unifique os partidos de esquerda, inclusive o PSOL em torno de um programa mínimo, mas também tenha capacidade para se articular com o centro político. Uma Frente que defenda como programa a Reforma Política, a regulação da mídia, o imposto sobre as grandes fortunas e a retomada em novas bases das reformas estruturais numa perspectiva socialista. Enfim, uma Frente que possa dar sustentação política e eleitoral à continuidade do Projeto Nacional Democrático e Popular em 2018.
Tod@s, 13 de março na Cinelândia!
Val Carvalho é militante do PT-RJ