Valmir Assunção: Um cumprimento a Wagner Moura

Quero aqui comentar e parabenizar o lúcido artigo do ator Wagner Moura, publicado no jornal Folha de São Paulo deste dia 30 de março. Moura traz elementos importantes para a…

Quero aqui comentar e parabenizar o lúcido artigo do ator Wagner Moura, publicado no jornal Folha de São Paulo deste dia 30 de março. Moura traz elementos importantes para a reflexão, em um momento em que são proferidos discursos sem base na realidade, numa tentativa de criar um clima de golpe consumado, o que não é verdade.

O ator baiano traz críticas ao Governo Dilma e eu o cumprimento por isso. Eu também tenho minhas críticas ao Governo. Tenho discordâncias acerca dos rumos da política econômica, que resultou em um ajuste fiscal, cuja conta chega para os trabalhadores e trabalhadoras.

Tenho discordâncias sobre a falta de prioridade com a reforma agrária, cujo processo de obtenção de terras tem o pior índice da democracia recente. Se dependesse da corrente partidária em que participo, os movimentos sociais teriam participação mais direta na tomada de decisões, com atenção especial para políticas para a juventude, para a população LGBT, mulheres, negros e negras, trabalhadores do campo e da cidade.

Essa crítica deve ser feita. E o próprio PT, em suas instâncias internas, faz sua autocrítica, que é exposta em documentos de correntes partidárias, em notas de nossa Executiva e sempre o Governo é alvo de avaliações.

Mas o que está em jogo é a democracia, como bem apontou Moura. Trata-se da soberania do voto da maioria do povo brasileiro que foi às urnas em 2014 e elegeu Dilma para a presidência. E, quando não há crime imputado, qualquer movimentação de impedir a continuação se seu mandato é golpe. Sem eufemismos! Um golpe que fragiliza as nossas instituições e simplesmente ignora a soberania do povo brasileiro, quando apontou através do voto quem deve liderar o país.

Óbvio que a população quer o fim da corrupção. Mas o que se vê é uma tentativa escancarada de se barrar as investigações para que pessoas, a exemplo do presidente da Câmara Eduardo Cunha – que é réu no STF por crimes de corrupção – continuem impunes.

Mas, como bem disseram as lideranças dos movimentos sociais progressistas, não formamos covardes. Estamos nas ruas e também nos espaços institucionais sem dúvidas acerca da defesa da democracia. Não somos orientados pelo ódio, por palavras de ordem chulas e desrespeitosas. Somos orientados pelo amor a este país, pela vontade de ver as coisas mudarem, mas para melhor, para espaços mais participativos e com o respeito mútuo.

Vamos continuar defendendo a igualdade social, defendendo os trabalhadores e as trabalhadoras deste país. Golpistas, não passarão! 

Valmir Assunção é deputado federal pelo PT-BA

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