Valter Pomar: Hora de parar. Hora de parar de recuar
Por Valter Pomar
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Hoje, dia 5 de março, a imprensa está divulgando que o ex-presidente Lula não vai comparecer ao ato do dia 13 de março.
Nem sempre a imprensa fala a verdade. Mas pelo menos hoje, dia 5 de março, parece que está falando a verdade. “Ontem”, digamos dia 4 de março, não seria verdade. Mas “anteontem”, digamos dia 3 de março, seria verdade.
Para quem perdeu o fio da meada: “anteontem”, a linha defendida por Lula era, ou parecia ser, a de adiar o ato. “Ontem”, a linha defendida por Lula era, ou parecia ser, a de comparecer ao ato. Hoje, a linha defendida por Lula é, ou parece ser, a de não comparecer ao ato.
E amanhã? E depois de amanhã? Seja lá qual for, este zig-zag não ajuda nem um pouco.
Mas qual o motivo do zig-zag? Qual seria o motivo para a (suposta) ausência de Lula no ato do dia 13 de março?
Ao que parece, seriam as Medidas Provisórias. Aquelas medidas que na reunião do Diretório Nacional do PT, dia 6 de fevereiro, Lula teria criticado. Aquelas medidas que no ato de comemoração dos 35 anos do PT, também no dia 6 de fevereiro, Lula apoiou, envergonhadamente, é bom que se diga.
Aquelas mesmas medidas que o Diretório Nacional do PT, em sua resolução de 6 de fevereiro, criticou. Aquelas mesmíssimas medidas que a Comissão Executiva Nacional do PT, em sua reunião de 26 de fevereiro, apoiou, também envergonhadamente, é bom que se diga.
Realmente, o ato do dia 13 de março é contra as Medidas Provisórias. Por isto, não é um ato “a favor” do governo. Mas tampouco é um ato “contra” o governo. O ato do dia 13 de março é essencialmente um ato em defesa dos interesses da classe trabalhadora.
Dois dias depois, no dia 15 de março, haverá um ato contra o governo. E também contra os interesses da classe trabalhadora. A existência do ato anti-popular no dia 15 de março é um motivo a mais para fortalecermos o ato do dia 13 de março.
Por isto, continua sendo importante a presença de Lula. Por isto, devemos insistir para que ele compareça.
Claro, alguém pode raciocinar assim: “preservemos Lula. Se o ato do dia 13 de março for pequeno e o ato do dia 15 de março for maior, convocaremos novos atos. E Lula ajudará a mobilizar”. Pode ser. Mas dada a conjuntura, é mais prudente raciocinar assim: estamos num momento de imensa gravidade. Nossos inimigos estão atacando por todos os lados. Parte de nós e de nossos amigos está desanimada e desorientada. Afinal, ganhamos as eleições mas sob vários aspectos agimos como se tivéssemos perdido. Numa hora como essas, é preciso traçar uma linha no chão e dizer: acabou o recuo, é hora de parar. Parar de recuar, agrupar, resistir e contra-atacar.
Dia 13 de março converteu-se nisto: na hora de parar.
Hora de parar de recuar.
E, quem sabe, no final das contas a imprensa pode estar errada.
Valter Pomar é historiador e dirigente Nacional do PT