Viana cobra de Janot: “Pau que dá em Chico tem que dar em Francisco”
Senador petista Jorge cobrou de Janot uma ‘simetria’ na apuração de denúncias que envolvam políticos de outros partidos além do PT
Publicado em
Pau que dá em Chico dá em Francisco”. A expressão popular foi citada textualmente — e apresentada como um compromisso de atuação frente ao mensalão do PSDB — pelo então indicado ao cargo de procurador-geral da República, Rodrigo Janot, quando da sua primeira sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, em 2013. Nesta quarta-feira (25), quando o atual PGR era arguido no processo de sua recondução ao cargo, ele foi cobrado pelo senador Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente da Casa, por uma maior simetria na apuração de denúncias que envolvam políticos de outros partidos além do PT.
Viana elogiou a “capacidade e a competência” demonstradas pelo sabatinado, mas foi duro com a postura de alguns senadores da oposição, que utilizaram a arguição do PGR como palanque para requentar e alardear denúncias contra o PT.
“Pau que dá em Chico tem que dar em Francisco, e acredito que o Brasil hoje se pergunta se isso está ocorrendo. Qual é a diferença do financiamento de campanha do PT para o do PSDB?”, questionou o senador.
Viana ressaltou seu respeito ao Ministério Público, a quem considera que deve sua própria vida, pelo apoio que recebeu para enfrentar o crime organizado que assolava o Acre, quando assumiu o governo do estado, em 1999. “Se não fosse o Ministério Público, se não fosse uma ação de um juiz federal corajoso, eu não estaria aqui hoje”, reconheceu Viana.
Para o petista, porém, a saudável apuração de ilícitos em curso no País pode estar se afastando da necessária observância do princípio da presunção da inocência. “Sei que corrupção e crime organizado são difíceis de serem combatidos sem colaboração [delação]”, ressaltou Viana, registrando sua preocupação com o atual rito que primeiro prende, para depois obter a delação, com a condenação pública dos denunciados. “Só depois é que vamos ver se [os acusados] são culpados ou inocentes”.
“De um lado, há declaração de pessoas. De outro lado, há fatos, fatos concretos, ou não eram um fato, lá em São Paulo, os R$800 milhões que vieram da por conta dos trens do metrô de São Paulo? Fato, no governo do PSDB, fato concreto. E contra fatos não há argumentos”, citou Viana, para quem “às vezes, a fala de um delator vale para um partido, e não vale para outro”, protestou Viana.
Por Cyntia Campos, do PT no Senado