Vinícius Jr. é vítima de ataque racista na Espanha e governo brasileiro reage

Presidente Lula, ministérios e parlamentares do PT manifestaram solidariedade e exigiram providências às autoridades espanholas; Itamaraty vai convocar embaixadora

Foto: Susana Vera

Vinicius Jr, que atua no Real Madrid, foi novamente vítima de insultos racistas durante partida neste domingo (22), na Espanha

O atacante brasileiro Vinícius Jr., do Real Madrid e da Seleção Brasileira, foi vítima mais uma vez de ataques racistas na Espanha neste domingo (21). A agressão desta vez ocorreu no estádio de Mestalla, na cidade de Valencia, quando o Real Madrid enfrentou a equipe com o mesmo nome da cidade. O brasileiro foi insultado de maneira violenta por torcedores rivais e a partida chegou a ser paralisada pelo árbitro por quase 10 minutos.

Vinícius Jr. acabou sendo expulso na partida após confusão entre os jogadores das duas equipes, consequência do clima de violência criado pelos gritos racistas da torcida do Valencia. Ele fez um novo desabafo em suas redes sociais e denunciou a falta de ação da Liga Espanhola de Futebol que continua omissa aos atos de racismo.

“A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas”, disparou Vinícius. “Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, desabafou.

O presidente da Liga Espanhola de Futebol, a La Liga, Javier Tebas – que inclusive tem seu nome vinculado a um partido da extrema-direita espanhola, o Vox, que prega uma limpeza étnica no país – novamente rebateu as críticas feitas pelo jogador brasileiro, a quem ele acusa de “exagerar”. Segundo Tebas, “nem a Espanha, nem a La Liga são racistas”.

O novo episódio de racismo contra o brasileiro provocou reações indignadas e protestos não somente na imprensa esportiva, mas também por parte do governo brasileiro e de parlamentares do PT.

O presidente Lula, diretamente do Japão e ainda na noite de domingo, além de manifestar solidariedade ao atleta, cobrou ações por parte das autoridades espanholas.

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, manifestou repúdio em sua rede social aos atos racistas que, segundo ela, já se tornaram rotineiros contra Vini Jr. na Espanha.

O senador Paulo Paim (PT-RS) usou a sua conta no Twitter para solidarizar-se com o jogador e exigir a punição dos racistas.

A ministra da Igualdade Racial do Governo Lula, Anielle Franco, condenou o ato e informou que notificará as autoridades espanholas e a La Liga.

O Itamaraty também informou nesta segunda-feira (22) que irá chamar a embaixadora da Espanha no Brasil, Mar Fernández-Palacios, para explicações após o novo caso de racismo sofrido pelo jogador Vinicius Junior. O Ministério de Relações Exteriores pretende transmitir a posição do governo brasileiro e deverá insistir que esses atos reiterados de racismo não podem continuar impunes.

Leia a nota divulgada pelo governo brasileiro sobre o episódio.

O governo brasileiro repudia, nos mais fortes termos, os ataques racistas que o atleta brasileiro Vinícius Júnior vem sofrendo reiteradamente na Espanha.

Tendo em conta a gravidade dos fatos e a ocorrência de mais um inadmissível episódio, em jogo realizado ontem, naquele país, o Governo Brasileiro lamenta profundamente que, até o momento, não tenham sido tomadas providências efetivas para prevenir e evitar a repetição desses atos de racismo. Insta as autoridades governamentais e esportivas da Espanha a tomarem as providências necessárias, a fim de punir os perpetradores e evitar a recorrência desses atos. Apela, igualmente, à FIFA e à Liga a aplicar as medidas cabíveis. 

O Governo Brasileiro tem atuado em cooperação com o Governo da Espanha para coibir, reprimir e promover políticas de igualdade racial e compartilhar conhecimento e boas práticas para ampliar o acesso de pessoas afrodescendentes e imigrantes ao esporte com total intolerância a toda e qualquer prática discriminatória, com o apoio ao aperfeiçoamento das melhores práticas internacionais para promover a prevenção e o combate ao racismo, além de qualquer tipo de discriminação nas diferentes modalidades de esportes.

Nota assinada pelos Ministérios do Esporte; da Igualdade Racial; das Relações Exteriores; da Justiça e Segurança Pública; e dos Direitos Humanos e da Cidadania

Da Redação

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