Zeca Dirceu: O jeito malandro de Beto Richa se livrar das obrigações

Na campanha ao governo do Estado Beto Richa se defendia das falhas cometidas por ele na gestão do Paraná dizendo que “estava surpreso”. A desculpa rendeu-lhe o apelido de “Kinder…

Na campanha ao governo do Estado Beto Richa se defendia das falhas cometidas por ele na gestão do Paraná dizendo que “estava surpreso”. A desculpa rendeu-lhe o apelido de “Kinder Ovo”, uma definição muito adequada dada pela senadora Gleisi Hoffmann na época. As surpresas, no entanto, ainda estão por aí.

Agora o governador culpa o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) pelo atraso no início das obras de duplicação das rodovias do Estado. Conversei com alguns amigos comerciantes e empresários do noroeste recentemente e eles são unânimes: as condições de tráfego nas estradas do Paraná são péssimas.

Mas devemos lembrar o passado: Em 2010 Beto Richa se comprometeu em duplicar a rodovia PR-323, entre Maringá e Guaíra e foi além, disse que enquanto a duplicação não fosse implantada, o trecho teria, ao menos, terceiras faixas. E não acaba por aí: em entrevista à rádio CBN Maringá, Richa afirmou que tudo isso seria feito o mais breve possível.

O tempo passou e, em 2014, Richa fez uma nova promessa: que a duplicação viria em breve, por meio de parceria público-privada, com pedágio. Mais uma surpresa do Kinder Ovo. O que era para ser rápido e sem ainda mais custos para os paranaenses, demorou e veio com o adendo do pedágio.

Agora, um ano depois, a rodovia segue sem duplicação, sem terceira pista e sem pedágio. Mas o governo do Estado se supera a cada dia. O pedágio que nos foi enfiado por goela abaixo é o mais caro do Brasil. As taxas são 20% maiores do que o pedágio implantado por Jaime Lerner. Esta é a “turma do pedágio”. Privatizam, vendem o que é do Estado e sacrificam os paranaenses.

A situação está tão triste que em Umuarama, perto da minha Cruzeiro do Oeste, uma cratera está se formando próximo ao lar dos idosos. Isso num trecho que, de acordo com anúncio de Beto Richa, seria duplicado.

Recentemente Richa anunciou a duplicação da rodovia PR-280, entre os municípios de Marmeleiro e Palmas. O valor total da obra (se acontecer, claro) é de R$ 1,8 bilhão. Richa só não disse quem pagará por isso. De acordo com o governador, o modelo adotado no sudoeste será o mesmo da rodovia PR-323, que até agora não saiu do papel. Preocupou-me o anúncio desta duplicação porque nem com pista simples o Governo do Estado consegue lidar. O trecho de Palmas, por exemplo, a situação está tão desesperadora que a vereadora Célia Oliveira cobrou providências na sessão da Câmara. Segundo ela ocorrem acidentes diários na rodovia.

Outra coisa que me preocupa é a transferência de estradas federais para o Estado. Os contratos vencem em 31 de dezembro e como o Paraná vive a pior crise financeira de sua história, estou trabalhando para reverter, junto com a bancada paranaense, esta situação em Brasília.

Sou totalmente contra a transferência das rodovias para o Estado porque o governo já mostrou sua incompetência.  O Paraná não consegue sequer limpar a vegetação que invade as estradas estaduais, não tapa buracos e não sinaliza. Nesse cenário, cuidar das rodovias federais será o caos.

Outro fato controverso, para não dizer desonesto, é a renovação dos contratos já vigentes de pedágio nas rodovias do Estado. As concessões só vencem em 2021, mas Beto Richa já quer estender o prazo até 2050. A troco de quê o governo do Estado deseja isso?

A habilidade de Beto Richa em culpar os outros por irresponsabilidades próprias extrapola o imaginável. O Paraná fechou 2014 com uma dívida de R$ 1,2 bilhão. Ele tentou usurpar R$ 8 milhões do fundo previdenciário dos servidores, agrediu professores em praça pública, aumentou a tarifa da Copel, prometeu melhorar estradas e não cumpriu… A gente não cansa de se surpreender com o jeito malandro de Beto Richa se livrar das obrigações.

Zeca Dirceu é deputado federal (PT-PR)

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