O povo não aceita ataque à democracia, afirma Paim

“Olhem nos meus olhos e me digam qual governador não deu pedalada, qual prefeito não deu pedalada, inclusive no meu Estado?”

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Senador Paulo Paim, presidente da Comissão de Direitos Humanos

O senador Paulo Paim (PT-RS) subiu à tribuna do Senado, na madrugada desta quinta-feira (12), para fazer a sua análise da situação política atual. “Confesso que nunca vivi um momento tão constrangedor como este: uma presidenta eleita pelo voto popular ser afastada de forma tão truculenta”, afirmou.

Paim apontou que o plano que será colocado em prática pelo golpista Michel Temer representa inúmeros retrocessos em relação aos direitos dos trabalhadores. “Queriam aprovar o tal do negociado sobre o legislado, que está na carta do Temer. E o que significa negociado sobre legislado? Significa rasgar a CLT, que construímos com muita luta durante as nossas vidas. Mas não é só isso. Querem mexer com profundidade na nossa Previdência. E sabe o que é que diz a ‘Carta para o futuro’, ou ‘Carta para o precipício’? Diz que a idade mínima será 65 ou 67 anos”.

O senador gaúcho advertiu que o povo não aceita ataque à democracia e, dirigindo-se a Michel Temer, se mostrou indignado com a forma como este ascende ao poder. “Eu queria, meu querido vice-presidente, dar-lhe um conselho: é legítimo que qualquer brasileiro sonhe um dia em chegar à Presidência da República – é legítimo! –, mas não o faça desta forma, atacando democracia e entrando pela porta dos fundos. Submeta-se ao voto popular e Vossa Excelência pode ser presidente da República”.

Paim acrescentou que ao longo dos próximos seis meses haverá a oportunidade de andar pelo país e conversar com o povo, discutindo a democracia e se é legitimo ou não um presidente chegar ao poder pela via indireta. “O nosso povo é sábio, é inteligente, e faremos esse bom debate”, assegurou.

O posicionamento de organizações internacionais contrárias ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff foi lembrado por Paim, que citou uma frase recentemente dita pelo presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Juiz Roberto de Figueiredo Caldas: “Não podemos olhar para o lado quando surgem ameaças à estabilidade institucional através de situações anômalas que podem terminar com a legalidade”.

Segundo o senador, é consenso que as tais “pedaladas fiscais” são atos praticados por vários chefes de executivo: “Olhem nos meus olhos e me digam qual governador não deu pedalada, qual prefeito não deu pedalada, inclusive no meu Estado? Nem quero falar do relator, de quem já falaram aqui, mas foram mais de 16 que deram pedaladas. Se vale para um, por que não vale para o outro? Não dá para entender. Não é sério. Para mim, beira a irresponsabilidade a forma como está sendo colocada”, completou.

A quem interessa o impeachment?
Paulo Paim salientou que “ninguém fica surfando na crista da onda eternamente” e questionou a quem interessa o impeachment, se até mesmo o senador Armando Monteiro, ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), disseram que não aceitam o impedimento da presidenta Dilma.

“Os poetas são contra o impeachment, os trabalhadores são contra o impeachment, os artistas, os constituintes, grande parte das mulheres, a juventude, aqueles que são contra os preconceitos, os deficientes. Enfim, quem quer esse impeachment? Vamos nos olhar claramente e perguntar a nós mesmos, olho no olho: quem quer o impeachment?”, indagou Paim.

Por fim, o senador lembrou que o impeachment nasceu como represália do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que não teve os votos do Partido dos Trabalhadores a seu favor na Comissão de Ética que julga os diversos crimes que praticou.

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Da Redação da Agência PT de Notícias

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