Temer foi elemento-chave da conspiração do golpe, diz Dilma

‘Este julgamento é um constrangimento imenso para as instituições brasileiras porque sou inocente, por isso querem que eu renuncie’, lembrou a presidenta

Mais um veículo estrangeiro reportou as articulações do golpista Michel Temer para tirar a presidenta eleita Dilma Rousseff de seu cargo e as denúncias de corrupção do governo biônico. A emissora “Al Jazeera”, do Catar, entrevistou Dilma em Brasília e publicou: “O roteiro desta novela política é basicamente feito de: escândalos de corrupção quase diariamente em todos os partidos políticos, mais recentemente, do presidente interino Michel Temer”.

“Caso eu me julgasse culpada ou achasse que há alguma base legal para este processo de afastamento, eu estaria em uma situação muito diferente. Como tenho absoluta certeza e os fatos demonstraram mais até do que meu próprio testemunho, que este processo não tem base legal e tem por objetivo impedir uma parte – e esta mesma parte se confessa, foi o ministro do Planejamento do governo privisório que confessou que tinha que me afastar, pois, ao fazê-lo, estaria garantindo que o processo que hoje investiga corrupção no Brasil não atingisse a ele e a seus companheiros”.

Entrevista foi veiculada nesta terça-feira (7)

Entrevista foi veiculada nesta terça-feira (7)

“Se você me perguntar o que teria feito de diferente, eu diria ‘várias coisas’. Entre elas, as alianças que fomos obrigados a fazer para governar. Tanto é assim que a prova maior de que me equivoquei nisso é que meu vice-presidente foi, inquestionavelmente, o elemento-chave desta conspiração que leva ao golpe”, disse Dilma à repórter Lucia Newman. 

A presidenta questionou também o comportamento da imprensa e de partidos que apoiaram seu afastamento, afirmando que, quando notaram que a maioria da população não está a favor do impeachment, pararam de fazer pesquisas. “Por que não se divulgam pesquisas no Brasil, e antes eram feitas de forma sistemática?”.

“A situação se inverteu, a maioria é contra o impeachment”, disse Dilma. Segundo ela, parte da população já percebeu que a substituição de um governo deve acontecer por meio de eleições, e não por meio de um impeachment sem base legal. Ela mencionou também as medidas do PT de combate à corrupção, como a criação da Controladoria-Geral da União (CGU), extinta por Temer.

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O texto que acompanha a entrevista descreve: “Dilma Rousseff, ex-guerrilheira de esquerda que se tornou a primeira mulher presidenta de um grande país da América Latina, agora disputa sua sobrevivência política”.

A presidenta disse ainda acreditar que o caminho para reconquistar a confiança do povo brasileiro é a defesa da democracia.  Contou que está trabalhando em sua defesa e que uma das coisas que mais caracteriza este processo é que votaram alegando várias razões – exceto crime de responsabilidade. “Sabem da fragilidade da acusação”, afirmou.

“Al Jazeera” escreveu: “Temer, que até um mês atrás era seu vice, virou-se contra Dilma Rousseff, para que ela enfrentasse um impeachment”. A publicação citou, também, vazamentos de conversas telefônicas dos ministros nomeados pelo governo golpista.

O texto informa que “Dilma não é acusada de “roubar para fins pessoais”, enquanto 60% dos políticos brasileiros são investigados por crimes de corrupção, incluindo “o presidente do Senado, quem está conduzindo o julgamento do impeachment”.

Assista abaixo a entrevista completa:

Da Redação da Agência PT de Notícias

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