13 de Maio: Por que estamos nas ruas?
Negros e negras da Juventude do PT reafirmam neste dia: “Nem bala, nem Covid, nem fome… Não nos prostraremos diante de nenhuma dessas ameaças.”
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Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um lamento triste
Sempre ecoou
De novo…
Mais um vez nós jovens negras e negros da Juventude do PT de todo o Brasil precisamos vir à público repudiar a morte dos nossos. Dessa vez, a morte nos encara firmemente no fundo dos olhos enquanto as balas sobrevoam nossos barracos, o ar nos falta nos pulmões e a barriga dói num último lamento pela fome.
O que avança mais rápido no Brasil a Covid, a fome ou a violência policial? Se você for negro, todos avançam como um navio cortando o atlântico em direção ao seu alvo preferido: você!
Com mais de 423 mil mortes pelo coronavírus no país, o presidente segue negando a gravidade da pandemia e colocando a população em risco ao ser o maior exemplo de desrespeito às orientações da Organização Mundial da Saúde.
A Covid escancarou ao mundo a face mais sombria do fascismo no Brasil. Bolsonaro minimizou seu perigo, zombou com as mortes, escondeu dados e escolheu comprar votos do Congresso contra seu impeachment no lugar de comprar vacinas.
Onde estaríamos hoje se a decisão difícil tivesse sido encarada com mais responsabilidade e menos interesse financeiro em 2018?
Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
O modelo de segurança pública que tem se consolidado no Brasil desde o surgimento das nossas primeiras instituições policiais, em 1808, continua a criminalizar e tornar o povo negro o principal público atingido pelas mortes por homicídios e da política de encarceiramento da nossa população. Não interessam a identidade, a história, a condição em que foi encontrado, se houve perícia ou não: é preto? Tá na favela? Merece ser morto.
Essa é a história do nosso país desde a monarquia e que perdura até hoje fruto de uma farsa chamada “Abolição da Escravatura”, que não libertou, não reparou e não acolheu. Apenas largou ao mundo os ex-escravizados, aqueles que vieram sem convite para construir à força este país, e que legou aos seus herdeiros, nós, a herança da desigualdade racial plantada em toda estrutura da sociedade brasileira.
Uma semana antes do 13 de maio 29 vidas foram ceifadas na favela do Jacarezinho. Uma operação policial falida, paga com dinheiro público e criminosa foi o palco da maior chacina promovida pela polícia do Rio de Janeiro. A orientação é ficar em casa, mas o que fazer quando a bala entra pela janela? Quem é livre num país onde a morte tem endereço certo? O endereço das nossas casas.
Nina Simone disse que “Liberdade é não ter medo”, você é livre? Quando virá a abolição do povo preto da mira dos fuzis da polícia?
E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
No canto das casas e dos barracos, nas favelas, assentamentos e nos quilombos, as famílias vivem assombradas pela violência do Estado, do vírus e da fome. Jogados à própria sorte, como em 14 de maio de 1888, o trabalhador brasileiro, preto, tem resistido como sempre fez em sua existência. Tentam nos matar mas nós, insistentes, combinamos
de não morrer e para garantir o nosso direito à vida, é que vamos às ruas de novo.
Depois de mais de um ano vendo nossos trabalhadores perdendo seus empregos, nossas crianças fora das escolas, nossas mães sem comida na mesa, CHEGA! É das mãos da juventude negra que renascerá a resistência. O pão que falta na mesa nos dá a força para enfrentar mais um Dia Nacional de Combate e Denúncia ao Racismo.
Nem bala, nem Covid, nem fome… Não nos prostraremos diante de nenhuma dessas ameaças. Neste 13 de maio, o 133º após a assinatura da Lei Áurea, nós vamos às ruas com a máscara no rosto, munidos de álcool em gel e observando o distanciamento, para lutarmos por VIDA, VACINA E COMIDA, e para que enfim venha a verdadeira abolição, para que nunca mais nos amanheça a incerteza no 14 de maio.
Negros e Negras da Juventude do PT!