2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver
Ato acontece dia 25 de novembro, com expectativa de reunir em Brasília um milhão de mulheres; PT articula a presença de militantes e lideranças do partido
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As mulheres negras estão chegando a Brasília – no dia 25 de novembro – para a maior mobilização histórica do movimento. Trata-se da 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, um ato político que deverá reunir um milhão de mulheres, com a participação de representantes de países da América Latina, África e Caribe.
A historiadora e secretária da Frente Parlamentar Mista Antirracismo, além da coordenadora da TV Elas por Elas, Sandra Sena, explica o propósito da Marcha e o papel das mulheres do PT na organização do evento, cuja primeira edição, realizada em 2015, reuniu cerca de 100 mil mulheres em Brasília.
“Depois de 10 anos, a Marcha das Mulheres Negras sairá às ruas novamente para reafirmar a importância que tem a construção de um país antirracista, que trata da imensa agenda das mulheres negras na centralidade da política brasileira, entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Pensar e executar essa centralidade significa que não há possibilidade de decisão sobre nossas vidas sem a nossa presença”, contextualizou.
Segundo ela, o objetivo principal é reafirmar a luta por peças históricas e pelo bem viver do povo negro, fortalecendo uma agenda política de combate ao racismo, ao sexismo e à pobreza e à exigência de políticas públicas efetivas e de compromisso do Estado com a justiça racial.
“Queremos políticas públicas efetivas e compromisso do Estado com a justiça racial. Defendemos medidas concretas, como a PEC 27/2024 – Fundo Nacional de Reparação Econômica e de Promoção da Igualdade Racial (FNREPIR) — instrumento financeiro para garantir recursos financeiros para políticas futuras para a população negra. propostas”, explica o historiador.
Papel das mulheres do PT na construção do ato
Historicamente, as mulheres petistas têm estado na linha de frente das mobilizações populares no país. O PT é o partido que mais se dedica à representatividade das mulheres negras, especialmente por meio do projeto Elas por Elas, que promove uma política de formação e incentiva a eleição de mandatos em todo o país.
Assim, as mulheres negras petistas são organizadas nacionalmente por meio da Secretaria Nacional de Mulheres e da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo, reforçando a unidade e o protagonismo político.
“Se o poder é bom, as mulheres negras querem poder. A política é lugar de mulheres negras. Estamos somando forças com a Marcha das Mulheres Negras, articulando a presença de militantes, dirigentes e lideranças de todas as regiões do país. Essa construção coletiva reafirma o compromisso do partido com a luta antirracista e com o legado político das mulheres negras na história do PT”, ressalta Sandra.
A luta é por justiça, acessórios e bem viver
As mulheres negras estão cansadas de falar apenas sobre violência, dor e abandono do Estado. Basta lembrar da recente chacina no Morro do Alemão para perceber que as desigualdades raciais e de gênero começam a estruturar o Brasil.
O tema da mobilização deste ano — “Reparação e Bem Viver” — reforça a busca por justiça, redistribuição de direitos e transformação social. Na prática, significa pensar em políticas e ações de acessórios para as violências de gênero e raça que marcam a vida das mulheres negras no país.
No começo do mês, a organização da Marcha realizou uma live de Lançamento do Comitê de Enfrentamento à Violência de Gênero e Raça , onde foram ouvidas personalidades importantes do movimento social negro brasileiro, como a antropóloga Joyce Souza, do Instituto Odara.
Segundo Joyce, ao definir os acessórios como tema central da Marcha de 2025, as mulheres negras avançam na compreensão de que as cotas e as políticas afirmativas foram conquistas importantes, mas não representam o ponto final da luta.
“As políticas públicas não são necessariamente resistentes. Elas são ações do Estado para atender necessidades básicas e manter a produção do capital. Já as peças desativadas que o Estado, as ricas, as roupas e todos os grupos que lucraram com a escravidão pagaram a histórica que impôs séculos de marginalização e sub-humanidade ao nosso povo”, conclui a antropóloga.
Da Redação do Elas por Elas , com informações da Marcha das Mulheres Negras
