Marcelo Bastos: Quem mexeu no meu queijo, ops, no meu PT!
Devemos romper com esses setores autocráticos e coronelistas no Pará, buscar aliança com a esquerda paraense e com os movimentos sociais organizados
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Todas as mudanças em geral trazer em si uma enorme resistência a elas, não cabe aqui discutir. O livro “Quem mexeu no meu queijo”, de Spencer Johnson, é um exemplo de como os hábitos, os costumes e o eterno fazer, trazem consequências ao longo do tempo. A partir do exemplo de dois homens – Hem e Haw – e dois ratos – Sniff e Scurry -, que moram em um labirinto e comem queijo, o queijo aqui é a representação do ideal de cada um, e, em determinado momento, é a procura existencial de todos, em certo dia eles, acostumados a comer em uma montanha de queijo, que para eles não teria fim, mas um belo dia, a montanha tinha simplesmente desaparecido, e vem então a grande pergunta: “Quem mexeu no meu queijo?”
O PT aqui no Pará está nesse momento. Já elegemos mais de 25 prefeitos, e em algumas eleições mais de 9 deputados estaduais, 3 deputados federais e já temos uma vaga no Senado em alguns momentos, e já tivemos um mandato no Governo do Estado. Mas hoje, com um diminuto tamanho no estado, na quantidade de prefeituras, de vereadores, de deputados e, ainda sim, se pergunta: “Quem mexeu no meu queijo?”
O PT no Pará tem a possibilidade de se reconstruir e para isso deve PEDIR DESCULPAS, sim pedir desculpas a povo paraense por ter caído no conto da sereia (acredito que o senador Jader esteja mais para tubarão), e que o surto progressivo do PMDB em apoiar o PT, na verdade foi um recuo dos nossos sonhos e desejos de uma sociedade mais justa, humana e igualitária, e o campo majoritário do PT tem essa culpa sim!
Devemos romper com esses setores autocráticos e coronelistas no Pará, buscar aliança com a esquerda paraense e com os movimentos sociais organizados, só com esse dois elementos o PT no Pará pode pensar em ter unidade, e assim preparar um palanque sem golpista para Lula 2018!
De repente o PT se acostumou e se viciou em uma relação nada sadia com o aparato do estado, seja no parlamento ou no executivo, e com isso traçou toda sua estratégia para que as eleições se tornassem seu único caminho, uma única via, uma única estratégia, mas isso já deu, estamos cansados de repetir isso. Ao abandonar a luta estratégica nos movimentos sociais, como elementos de conquista de políticas públicas, ele abandonou na miséria seu próprio povo, pois no Pará, um estado atrasado e ainda cartorial, onde os coronéis ainda mandam prender e soltar, e ainda matam a seu bel prazer, fazer alianças com essa corja foi e é o maior motivo da derrota do PT no estado do PT!
Sair da zona de conforto, procurar seu queijo em outros locais do labirinto é o desafio do PT no Pará hoje, assim como Haw que não ficou parado, cometendo o mesmo erro como Hew, que saiu no labirinto, procurando em caminhos ainda não trilhados, tentando, errando e acertando finalmente, enquanto Hew ficou no mesmo local, onde morreu com fome, sozinho e infeliz.
Para o PT no Pará começar a se reencontrar, precisa superar o medo de mudar, precisa sair de sua zona de conforto, não precisamos de atalho para o poder no Estado, precisamos reconstruir nosso caráter coletivo, olhar de frente os erros do passado que nos levaram a essa sinuca de bico e, assim, pensar em um futuro onde possamos nos encontrar a todos, nos movimentos sociais, e que esse apego desesperado pelo poder possa ser sanado com a luta social e com a mobilização de nosso povo, construindo consciência e plantando a semente da mudança para uma sociedade mais justa e igualitária!
Por Marcelo da Silva Bastos, membro do Diretório Estadual do PT Pará, ativista social, blogueiro, membro do Fórum da Militância Petista, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.
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