Psicanalistas falam da perseguição a Lula e sobre o ódio no acampamento Lula livre

Ana Laura Prates e Antônio Quinet fizeram questão de vir ao acampamento debater as raízes do ódio que ameaça dividir a sociedade brasileira 

Joka Madruga

Acampamento Lula Livre

Os psicanalistas Ana Laura Prates, de São Paulo, e Antônio Quinet, do Rio de Janeiro, neste sábado (15), fizeram questão de deixar seus divãs e vir ao acampamento da vigília Lula livre, em Curitiba, debater as raízes do ódio que ameaça dividir a sociedade brasileira e os ataques ao ex-presidente Lula.

Em suas falas, ressaltaram a necessidade de aproximar a Psicanálise da luta popular e fornecer elementos para entender a realidade e se posicionar socialmente. “Somos a favor da liberdade do desejo e da liberdade de expressão e da luta. Não é possível um psicanalista não estar presente neste momento, nós que lutamos e sabemos que o sujeito do desejo é o sujeito do direito, o sujeito da história”, afirmou Quinet.

“Todos nós somos sujeitos da história nesse sentido, não importa a classe social. Não podemos ter preconceitos de achar que a busca do desejo é uma coisa elitista. O inconsciente é de todos, é democrático, todo mundo sonha. Por isso, estamos aqui, a favor da liberdade.”

Em sua fala, Ana Laura alertou para a propagação da ideia de segregação, que historicamente foi usada para justificar massacres, perseguições e morte. “A ideia de que a eliminação de um dos lados da disputa permitirá que o bem possa reinar permitiu que muito se matasse, que muitos fossem atacados.”

A psicanalista lembrou de uma carta enviada por Einstein a Freud questionando os motivos das guerras, as explicações para a propagação do ódio. “A resposta de Freud é comovente e realista, e é algo que vai dar muito trabalho ainda para a gente. Ele respondeu que amor e ódio não são tão antagônicos assim como parecem. Infelizmente, amor e ódio são duas paixões humanas e temos que aprender a lidar com elas. A questão é não deixar que o ódio tome conta em sua face de destruição do outro.”

“Quando a gente quer destruir o outro, é porque não suportamos o que há em nós mesmos. Isso é claríssimo no caso do ex-presidente Lula. O brasileiro médio não quer se reconhecer no que Lula representa, não quer sua face nordestina, sua face de povo. Incomoda muita gente, e por isso Lula sofre ataques tão violentos.”

“Se a gente soubesse que o que falta em nós é o que nos torna desejantes, o que nos torna sujeitos, a gente teria orgulho do que Lula representa!”, finalizou.

Da Redação da Agência PT de Notícias, de Curitiba

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast