Governador afasta comandante da PM por violência policial em Recife

O governador do Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), afastou o comandante da Polícia Militar, Vanildo Maranhão, que respondia pelas tropas durante as manifestações do último dia 19 de junho, em Recife. A decisão ocorreu três dias após a agressão da PM deixar dois homens sem visão de um dos olhos, atingidos por tiros de bala de borracha. Foram alvejadas pessoas que filmavam a ação policial, outras que estavam em pontos de ônibus e até mesmo quem não participava das manifestações.

Após relatos, imagens e vídeos da perseguição policial disparando, indistintamente, tiros de balas de borracha e jogando bombas de gás lacrimogênio em quem estive nas ruas, o governador aceitou, ontem à noite, 1, o pedido de demissão do comandante da Polícia Militar no Estado, Vanildo Maranhão – esta é uma forma gentil e opção apresentada quando alguém vai ser demitido de função pública.

“Mesmo com toda essa violência, é importante separar o bom policial dos maus. Eu dei aulas para centenas de bons policiais e sei que a corporação não é assim”, afirma vereadora Liana Cirne, que também é professora

Resistência e mobilização

Um dos símbolos da resistência contra a opressão policial foi a vereadora Liana Cirne (PT), que ficou parada à frente de viatura para impedir a perseguição da PM a manifestantes que protestavam pacificamente no centro do Recife. Professora de direito, ela também foi uma das atingidas covardemente por jatos de spray de pimenta lançados por um policial a poucos centímetros de seus olhos. Praticamente desfalecida, ela caiu no asfalto.

Segundo relato de Liana Cirne, um dos tristes casos da violência policial ocorreu com Daniel Campelo, 51 anos, pai de uma criança autista que estava indo ao supermercado comprar carne quando foi baleado por bala de borracha no olho esquerdo e perdeu a visão. “As imagens são chocantes. É mais sintomático ainda porque ele estava indo comprar carne”, destacou a vereadora petista.

No dia 27 de maio, o promotor de Justiça Westei Conde, da 7ª Promotoria da Cidadania da Capital, alertou sobre a necessidade de orientação da tropa policial durante os atos de manifestantes contrários ao presidente da República, no sábado, 29.

Segundo o Ministério Público de Pernambuco, mais de cem promotores de Justiça participaram da reunião quando o secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, foi “publicamente informado da necessidade de orientação ao efetivo da PMPE, de sorte a evitar eventuais excessos”, informa o promotor Westei.

Da Redação