Com Bolsonaro, Brasil é vice-campeão do desemprego entre os países do G20
Projeção da Austin Rating é de que o país será o vice-campeão do desemprego entre membros do G20 este ano. Taxa de desocupação vai superar até a de nações em guerra
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta sexta-feira (29) seu balanço mensal sobre o mercado de trabalho nacional, mas na véspera do anúncio a agência de classificação de risco Austin Rating já avisou: o Brasil fechará este ano como vice-campeão do desemprego entre os países do G20, e em nona colocação em um grupo de 102 nações analisadas.
O levantamento foi elaborado a partir das projeções mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI). A estimativa para o Brasil é de taxa de desemprego de 13,7%, quase o dobro da média global prevista para o ano (7,7%), acima da taxa dos emergentes (8,7%) e atrás apenas da África do Sul (35,2%) entre as 20 maiores economias do mundo. Até a Rússia, em guerra, deverá chegar a 9,3%, em melhor situação que a brasileira.
“Quando a gente pega aqueles países que são diretamente comparáveis com o Brasil, como Grécia, Peru e até a própria Argentina, todos esses têm uma perspectiva melhor”, afirma no portal G1 o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
Conforme o estudo, o Brasil virá atrás apenas de África do Sul, Sudão, Cisjordânia e Faixa de Gaza, Armênia, Geórgia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia do Norte e Bahamas no triste ranking da falta de emprego. Sob Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes, o país vem galgando posições. Ano passado, registrou a 16ª pior taxa de desemprego do mundo (13,2%). Em 2020, havia ficado na 22ª posição, com 13,8%.
Como a projeção da Austin é ligeiramente mais favorável que a do FMI, talvez o Brasil alcance a 11ª posição este ano – o que não será motivo de comemoração. “Ainda que a estatística tenha algum ajuste, a realidade não se muda. Ainda será uma posição lamentável”, ressalva Agostini, autor do estudo. Bolsonaro, para quem “quanto menos direito, mais emprego”, só obteve sucesso na retirada de direitos dos trabalhadores. E a culpa é principalmente de seu desgoverno.
“O Brasil cresce pouco e tem uma necessidade muito grande. O problema fiscal tem afastado os investimentos, tem sido uma preocupação e tem fomentado inclusive mais inflação e juros altos”, diz o economista, lembrando que o crescimento médio anual do PIB do Brasil foi de 0,4% nos últimos 10 anos, bem abaixo dos 3% da média global, dos 3,5% dos Brics e dos 1,2% dos países desenvolvidos. “Estamos tropeçando nas próprias pernas. Os problemas domésticos se sobrepõem aos problemas externos.”
Desde 2016, o ano do golpe, o desemprego permanece acima dos dois dígitos no Brasil. Em 2014, o país havia fechado o ano com a menor taxa de desemprego já registrada: 4,8%. A crise das pautas-bomba, em 2015, inverteu a curva, e a situação piorou a partir da “reforma trabalhista” de Michel Temer, sancionada em 2017. Inflação descontrolada, juros cada vez mais altos, queda progressiva da renda das famílias e a estagnação econômica da “gestão” bolsonarista agravaram ainda mais o quadro.
Hoje, o Brasil tem pelo menos 12 milhões de desempregados – e 4,7 milhões deles desocupados há mais de dois anos. O cenário é pior nas classes D e E, que respondem por 81% desse grupo. O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) atesta que o desemprego de longa duração no país vem aumentando.
Um levantamento do site Poder 360 revela que o número de beneficiários do Auxílio Brasil já supera o volume de empregados com carteira assinada em 12 estados. Sem perspectivas, o Brasil lidera o ranking da depressão na América Latina, com mais de 11,5 milhões de casos diagnosticados no último ano de “mandato” de Bolsonaro.
Da Redação