Com retomada da produção de insulina, Lula impulsiona biotecnologia

Nesta sexta (26), presidente participou da inauguração da planta de produção da farmacêutica Biomm em Nova Lima (MG)

Ricardo Stuckert

"Um país soberano precisa de uma indústria nacional forte sobretudo na área da saúde", disse Lula

O governo federal deu mais um importante passo para a concretização do Complexo Econômico-Industrial da Saúde do Brasil, lançado em setembro de 2023 pelo presidente Lula, um setor estratégico para a soberania do país.

Depois de inaugurar no começo de abril uma fábrica de medicamento para pessoas com hemofilia, que vai abastecer 100% do SUS em Goiana (PE), o presidente participou nesta sexta-feira (26) de evento que marca não só a retomada na produção de insulina no Brasil como também a autossuficiência na produção e a garantia de acesso ao tratamento a todos os pacientes com diabetes.

Um país soberano precisa de uma indústria nacional forte sobretudo na área da saúde. As pessoas que amputam por causa da diabetes não vão precisar mais porque a Biomm vai estar no mercado oferecendo ao nosso SUS a um preço acessível, para que a gente possa distribuir de graça aos brasileiros que sofrem diabetes. Este é um fato extraordinário”, comemorou o presidente.

A inauguração da planta de produção da farmacêutica Biomm em Nova Lima (MG), região metropolitana de Belo Horizonte, foi marcada por muita emoção do presidente Lula, cuja bisneta de sete anos tem diabetes. 

“Quem vai te agradecer para o resto da vida é minha bisneta que tem sete anos e sofre com a diabetes. Cada coisa que ela come, ela tem que controlar. A minha bisneta deve estar assistindo. Então, falo para ela: essa figura simpática aqui vai dar tranquilidade para você viver mais tempo do que eu”, afirmou o presidente se referindo ao amigo e ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia em mandatos anteriores.

Walfrido é do Conselho de Administração da Biomm e declarou, em seu discurso, que o governo Lula tem uma das melhores equipes que o Brasil já teve no governo federal. “São pessoas brilhantes e merecem o nosso respeito”, disse ele antes de traçar toda a trajetória que culminou com a criação a Biomm. “É uma fábrica viva de insulina. É biotecnologia, que é a tecnologia da vida. Hoje temos uma fábrica inaugurada com a sua honrosa presença e estamos prontos para servir o Brasil. Viva o SUS”, ressaltou o ex-ministro Walfrido.

Acompanhado das ministras Nísia Trindade, da Saúde, e Luciana Santos, da Ciência, Tecnologia e Inovação, e dos ministros Fernando Haddad, da Fazenda; Alexandre Silveira, de Minas e Energia e Alexandre Padilha, de Relações Institucionais, e também da primeira-dama Janja, Lula visitou a planta da empresa que é pioneira no setor de biomedicamentos no Brasil.

Em suas redes sociais, o presidente fez várias postagens sobre a inauguração. Numa delas postou vídeo da visita à planta e escreveu: “Hoje celebramos a retomada da produção de insulina no Brasil. E eu tive o prazer de visitar a fábrica da Biomm para celebrar mais essa conquista do nosso país”.

Durante a solenidade, ele recebeu o primeiro medicamento a sair da linha de produção da fábrica recebeu das mãos da funcionária Claudiane Andrade e sua colega, a farmacêutica da Biomm,  Isabella Silva, formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), declarou que é filha de mãe diarista que fez ensino médio e graduação depois dos 50 anos, e que sua família foi beneficiária do Bolsa Família. “Formei numa instituição pública e minha irmã foi beneficiária do Fies. Sabemos da importância desses subsídios à educação para que possamos ocupar lugares como esse que estou ocupando hoje”, salientou.

Investimentos, autossuficiência e soberania

A Biomm é 100% nacional, foi fundada em 2001 e integra o Programa de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) do Ministério da Saúde que visa a autossuficiência na produção e o acesso ao tratamento em todo o país.

Com investimento de R$ 800 milhões, a fábrica atua na oferta de fármacos acessíveis para o tratamento de doenças crônicas. É a única no Brasil capaz de produzir insulina glagina, beneficiando 15 milhões brasileiros. Serão 20 milhões de unidades de carpules (refis) de insulina glargina por ano e de canetas de insulina. Ela irá também fabricar 20 milhões de frascos de outros biomedicamentos, como a insulina humana recombinante. Toda a produção será capaz de atender a demanda da saúde pública e privada.

A unidade de Nova Lima tem 12 mil metros quadrados de área construída, gera 300 empregos diretos e 1,2 mil indiretos, beneficiando mais de seis mil pessoas.

A Biomm obteve R$ 203 milhões de crédito (Finep, BNDES E BDMG) além de R$ 133 milhões aportados via equity (BNDES e BDMG) para implantar a unidade em Nova Lima (MG). Fundada em 2001, é 100% nacional, pioneira no setor de biomedicamentos no Brasil e atua na oferta de fármacos acessíveis para o tratamento de doenças crônicas no país. Está inserida na estratégia do Complexo Econômico-industrial da Saúde que visa expandir a produção nacional de itens prioritários para o SUS, reduzir a dependência do Brasil de insumos, medicamentos, vacinas e outros produtos de saúde estrangeiros

No evento em Minas, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Biomm assinaram um protocolo de intenções para desenvolver programa de cooperação mútua com plataformas de produção de medicamentos para o tratamento de doenças metabólicas.

Fortalecer o SUS é salvar vidas

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, apontou o momento histórico de garantia do acesso a medicamentos do SUS e disse que a política da insulina é também um marco. “A função maior do SUS é garantir o acesso à saúde, salvar vidas e dar qualidade de vida à população. A ciência e tecnologia e a produção industrial são fundamentais. Vamos avançar junto com a Biomm e tantos outros empreendimentos públicos e privados e, para isso, precisamos fortalecer o Estado e a sua capacidade de políticas públicas. Viva o SUS”, exaltou Nísia.

O Brasil, segundo a ministra Luciana Santos, da Ciência e Tecnologia, precisa cada vez mais transformar a pesquisa em inovação do setor produtivo. “Estamos vendo tecnologia de ponta sendo usada para cuidar de pessoas e desenvolver o país. É exemplo de parceria entre a academia, iniciativa privada e o Estado brasileiro”, ressaltou, ao informar que o Brasil é o 13º no ranking da produção científica e o 49º em inovação.

“Isso mostra que é preciso aproximar a pesquisa do pólo produtivo. Estamos colocando a ciência e tecnologia a serviço dos desafios do nosso tempo. A ciência existe para melhorar a vida das pessoas. É para isso que estamos trabalhando”, assinalou.

Heraldo Carvalho Marquezine, CEO da Biomm, informou que a empresa pode ampliar a produção e exportar para outros países, especialmente da América Latina e ressaltou que a Biomm quer contribuir com o fortalecimento do complexo industrial da saúde e uma maior autonomia do Brasil na produção de medicamentos para o SUS.

João Marcelo Diegues, prefeito Nova Lima, apontou os ganhos para a cidade com uma empresa de alto valor agregado que vai gerar empregos, renda e arrecadação para o município, além do baixo impacto poluidor e ser uma grande alavanca para um polo de biotecnologia.

O Brasil é um dos países com maior incidência de diabetes no mundo, com 15,7 milhões de pacientes adultos, segundo o Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF).

Da Redação

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