ONU: Em 2023, 85 mil mulheres foram vítimas de feminicídio no mundo

Informação consta em relatório e divulgado no Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher

Fernando Frazão/Agência Brasil)

No Brasil, duas em cada dez mulheres já foram ameaçadas de morte pelo parceiro/namorado ou ex

No Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher – data que integra o calendário da Campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres” – a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou relatório no qual afirma que “Uma mulher morre a cada 10 minutos vítima de parceiros ou familiares”.

O documento “Feminicídios em 2023” revela que dos 85 mil assassinatos intencionais sofridos pela população feminina em 2023, cerca de 60% foram no contexto conjugal ou familiar; levantamento aponta que feminicídio transcende fronteiras, condições socioeconômicas e grupos etários. Todos os dias, 140 mulheres e meninas são mortas por seus parceiros íntimos ou familiares, o equivalente a uma a cada 10 minutos. O dado representa 60% dos 85 mil assassinatos intencionais sofridos pela população feminina no ano passado.

“A violência contra mulheres e meninas é a violação mais generalizada dos direitos humanos. Os assassinatos relacionados ao gênero de mulheres e meninas (femicídios/feminicídios) são a forma mais extrema de violência contra mulheres e meninas, e são frequentemente o resultado de formas anteriores de violência perpetradas contra elas dentro de seus lares. O contexto em que a violência do parceiro íntimo pode evoluir para um assassinato foi amplamente estudado, e os principais fatores de risco que podem ser abordados para prevenir feminicídios foram identificados”, diz trecho do relatório. 

A ONU ainda confirma que a violência contra mulheres continua generalizada, incluindo na sua manifestação mais extrema, o feminicídio. O crime “transcende fronteiras, condições socioeconômicas e grupos etários”.

A África registra as taxas mais elevadas de feminicídio relacionado com parceiros íntimos e familiares com 21,7 mil vítimas, seguida pelas Américas e pela Oceânia. Na Europa e nas Américas, a maioria das mulheres mortas na esfera doméstica foi vítima de companheiros íntimos, com 64% e 58%, respectivamente. Em outras regiões os familiares foram os principais perpetradores.

Na França, África do Sul e Colômbia uma percentual significativo de mulheres mortas por parceiros íntimos já haviam relatado alguma forma de violência física, sexual ou psicológica, o que indica que muitos desses crimes podem ser prevenidos.

Dados no Brasil 

Também em alusão ao dia 25 de novembro, o  Instituto Patrícia Galvão, com apoio do Ministério das Mulheres, divulgou a pesquisa “Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio”, que revela duas em cada dez mulheres (21%) já foram ameaçadas de morte pelo parceiro/namorado ou ex. 

De acordo com o G1, dentre esses 21%, 18% afirmaram que já foram ameaçadas de morte por algum parceiro, e 3% já sofreram ameaças de mais de um namorado. Para chegar ao resultado, foram entrevistadas 1.353 mulheres com mais de 18 anos entre os dias 23 e 30 de outubro. Com isso, a pesquisa diz que é possível estimar que quase 17 milhões de brasileiras já viveram ou vivem em situação de risco de feminicídio.

Campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres”

No Brasil, a campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres” começou no dia 20 de novembro, dia que marca a celebração do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, para evidenciar a discriminação múltipla e agravada que afeta as mulheres negras e para conferir centralidade às interseccionalidades entre gênero e raça como elemento fundamental para o enfrentamento à violência no país, tendo em vista que as mulheres negras são maioria entre as vítimas de feminicídio e de outros tipos de crimes motivados tanto pelo machismo quanto pelo racismo.

Mundialmente, a campanha é denominada “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres” nos 150 países que fazem parte da iniciativa, a campanha surgiu em 1991 capitaneada por um grupo de ativistas do Centro de Liderança Global das Mulheres (Women’s Global Leadership Institute), e em 2008 entrou para o calendário oficial da ONU. 

Em entrevista à TV PT, Pagu Rodrigues, diretora de Proteção de Direitos no Ministério das Mulheres, comentou sobre a importância da campanha: “No Brasil, a gente estendeu esse processo dos 16 dias de ativismo, e transformamos em 21 dias de ativismo é uma forma também de fazer dias sequenciais de concentração e de debate com a sociedade sobre a importância de enfrentar todas as formas de violência contra mulheres. Por isso, o Ministério das Mulheres está engajado, vai fazer entregas durante este período, dentre elas vai pactuar com todos os estados do Brasil o Pacto Nacional de Prevenção dos Feminicídios e vai fazer uma série de ações para debater com a sociedade a necessidade de eliminação de todas as formas de violência contra as mulheres”, informou a diretora. 

Da Redação do Elas por Elas, com informações do G1  e da ONU 

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