Petrobras lucra R$ 3,1 bilhões

Resultado não inclui valores desviados pelas empreiteiras sob investigação na Operação Lava Jato, da Polícia Federal

A Petrobras registrou lucro líquido de quase R$ 3,1 bilhões no terceiro trimestre (julho a setembro) de 2014. Esse dado vinha sendo aguardado pelo mercado desde novembro para avaliação dos impactos dos desvios identificados pela Polícia Federal.

A divulgação das demonstrações financeiras da empresa foi adiada por duas vezes, a última delas em 12 de dezembro, mas, na madrugada desta quarta-feira (28), foi autorizada pelo Conselho de Administração, após sete horas de reunião.

O lucro líquido decorreu da maior produção de petróleo e Líquido de Gás Natural (LGN), que registrou crescimento de 6% no período (mais 118 mil barris/dia). A receita de vendas da petrolífera no terceiro trimestre somou R$ 77,7 bilhões, alta de 7% em relação ao verificado no trimestre anterior.

No período de janeiro a setembro, a receita atingiu R$ 252,2 bilhões, alta de 13% em relação a igual período de 2013, conforme relatório anterior, divulgado, em dezembro, no lugar do balanço trimestral. A dívida líquida ficou em R$ 261,4 bilhões, alta de 8% em relação ao apurado no segundo trimestre (R$ 241,3 bilhões).

No ano, a dívida líquida acumulada subiu 35% em relação a igual período do ano anterior, quando esteve em R$ 192,9 bilhões. Apesar de aprovar o balanço, o Conselho não chegou, no entanto, a um consenso sobre as perdas financeiras para o esquema de corrupção denunciado, em processo de delação premiada, pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, à Justiça Federal do Paraná.

Segundo a empresa, como os desvios ocorreram fora da companhia, no âmbito das empreiteiras contratadas como terceirizadas, por isso, não houve como precisar valores. A Petrobras deve recorrer à americana SEC (Security Exchange Commission) para tentar estabelecer parâmetros e critérios capazes de avaliar o tamanho dos desvios.

O balanço não foi auditado pela empresa independente responsável, a PriceWaterHouse&Coopers, mas com divulgação compulsória, de modo a atender “obrigações da companhia (covenants) em contratos de dívida e facultar o acesso às informações aos seus públicos de interesse”, segundo nota oficial da Petrobras.

Cláusulas restritivas – Covenants são cláusulas contratuais restritivas que protegem o interesse do credor. Elas estabelecem condições a serem cumpridas, segundo informa a IFRS (International Financial Reporting Standarts) do Brasil, instituição especializada em normas e padrões internacionais de contabilidade.

Essas condições têm por objetivo reduzir o risco de não recebimento por parte do credor e diminuir o custo da dívida do devedor. Os covenants mais utilizados no Brasil são a manutenção de capital de giro mínimo; índice de cobertura de juros ou da dívida; e limitação no endividamento.

Caso um covenant seja quebrado, em geral o credor tem o direito de requerer o vencimento antecipado da dívida. Existem covenants que especificam limites para indicadores em geral e os que limitam ou proíbem certas ações dos administradores, como aumento da dívida ou venda de ativos.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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