Para Bresser-Pereira, impeachment seria um caos
Economista e ex-ministro de FHC afirma que não há motivos para saída da presidenta Dilma e que tentativa de golpe têm origem no “ódio” ao PT e no “oportunismo de alguns deputados”
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O economista e ex-ministro do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Carlos Bresser-Pereira afirmou que não há motivos para um impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Segundo ele, as tentativas de derrubar a petista têm origem no “ódio” que a classe média tem do PT e no “oportunismo de alguns deputados”. As declarações foram dadas em entrevista à BBC Brasil, publicada na última quinta-feira (12).
Para ele, a saída de Dilma “seria um caos”. “Até eu iria para a rua. Nunca vou para a rua, sou um intelectual, mas se houvesse um impeachment com as razões que eles têm aí, pedaladas, TCU, eu iria”, disse Bresser-Pereira, um dos fundadores do PSDB e que apoiou Dilma nas últimas eleições.
Na sua avaliação, “o PT não traiu os pobres, foi coerente nesse ponto”, mas a classe média ficou de fora. “Essa classe (média) desenvolveu um ódio profundo ao PT e o governo. Uma coisa irracional, perigosa e antidemocrática”, afirmou.
Segundo Bresser-Pereira, um setor da sociedade brasileira radicalizou para a direita e passou a adotar posições “piores que udenistas, fascistas”.
Questionado sobre as tentativas de afastar a presidenta, ele afirmou: “Acho que é resultado desse ódio e do oportunismo de alguns deputados, que se sentem ameaçados por essas investigações (de corrupção). Resolveram contra-atacar. E o contra-ataque se faz à presidente, porque ela não barrou a Polícia Federal e o Ministério Público”.
O ex-ministro negou o discurso que a oposição tenta emplacar, de que a presidenta teria praticado um “estelionato eleitoral”, ao rever propostas de governo.
“De nenhuma maneira. Em outubro de 2014, quem estava prevendo que o Brasil entraria em uma gravíssima recessão econômica, com queda de 3% do PIB? Ninguém. Não sabíamos. A economia é uma cienciazinha muito modesta, só é perfeita na cabeça dos economistas ortodoxos. Só se começou a falar em crise em dezembro”, disse.
Ao comentar o ajuste fiscal promovido pela gestão, ele defendeu que os cortes são necessários e que o governo está cortando onde pode. “Defendo o retorno da CPMF: é um imposto pequeno, necessário”. Bresser, contudo, criticou a política monetária de juros altos implementada pelo Banco Central.
“Não sou a favor desse aperto monetário. Sei que a inflação está alta, mas com essa recessão não precisamos de juros mais altos para segurar os preços, o que, além de ser um empecilho para a retomada dos investimentos, têm um custo financeiro enorme”, condenou.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da “BBC Brasil”