Rui Falcão: Apesar das previsões da mídia, PT terá bons resultados em 2016
Na entrevista da semana à Rádio e ao Portal Linha Direta, Rui Falcão faz um balanço de 2015, comenta a decisão do STF de barrar a manobra golpista de Eduardo Cunha, destaca a importância de continuar na luta em defesa da democracia e fala sobre o futuro do partido
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Com 56 anos de vida política, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, não vai parar tão cedo. Tendo começado no movimento estudantil, Rui enfrentou a ditadura através da luta armada, militou no Sindicato dos Jornalistas e participou da fundação do Partido dos Trabalhadores. Deputado por quatro mandatos (3 estaduais e 1 federal), ele está em sua terceira passagem pela presidência nacional do partido.
Na entrevista da semana à Rádio e ao Portal Linha Direta, Rui Falcão faz um balanço de 2015, comenta a decisão do STF de barrar a manobra golpista de Eduardo Cunha, destaca a importância de continuar na luta em defesa da democracia e fala sobre o futuro do partido.
Para Rui, o Supremo Tribunal Federal acertou na decisão de quinta-feira (17), pois o processo de impeachment deve garantir o direito de ampla defesa e um rito bem definido.
“A decisão de ontem do Supremo restabelece uma prevalência do Estado de Direito num processo gravíssimo que é o processo de interromper o mandato popular”, diz.
Na entrevista, Rui pontua que o STF repôs o caminho do rito democrático e explica que o processo que tenta impedir a presidenta Dilma de continuar na presidência da república não tem base jurídica. “O impeachment exige uma base jurídico legal que nesse caso é inexistente. O impeachment é constitucional, mas tal como ele está sendo processado é golpe”.
“Não venham dizer que impopularidade e desgaste é motivo para impeachment”, frisa.
Segundo o presidente, não é pouca coisa os 13 anos de PT no governo federal ter transformado o Brasil no país campeão em redução da desigualdade.
A Operação Lava Jata, para Rui, é importante para o combate a corrupção. Contudo, ele pondera que os encaminhamentos são seletivos e tentam perseguir exclusivamente o PT e o Governo Dilma. Ele ainda ressalta que o governo e o partido estão empenhados em acabar com a crise política provocada pela oposição para num segundo momento mudar a política econômica.
“Nós não sacrificamos programas sociais, não permitimos que o desemprego avançasse na escala que avançou nos outros países, não sacrificamos as políticas de educação, saúde, Mais Médicos avançou, o Minha Casa Minha Vida continua e agora tem a terceira fase lançada”, frisa.
Para o presidente, 2015 é um ano que termina com dificuldades, mas com possibilidade de superação, de retomada do crescimento e de reviver a esperança. Ele acredita que isso não só defende o legado dos 13 anos de PT no governo, como possibilita o avanço.
“O que está mais em questão, mais do que o impeachment, mais do que tirar a Dilma, são duas questões: uma é não permitir que haja uma afronta a democracia tão jovem, mas também tão duradoura, como tem sido esse, e segundo para que não se destrua o nosso projeto. Em última instância o que está em jogo é a tentativa de destruir um projeto que mudou a vida do Brasil”, analisa.
Rui ainda cobrou diálogo dos movimentos sociais, economistas, empresários e do governo para as propostas de retomada do crescimento, apresentadas pelo PT em cartilha, não serem propagandistas e saírem do papel.
Ele propõe a manutenção dos programas sociais, mais mecanismos para criar investimentos em infraestrutura, através de concessões e parcerias, aumentar o crédito para pequenas e médias empresas e para o consumo, manter a inflação sobre controle, aumentar as exportações, mudar a tabela do Imposto de Renda, colocar títulos da dívida ativa com valor de face menor no mercado financeiro, dentre outras.
De acordo com o presidente, a orientação do partido votar pela cassação do Eduardo Cunha criou uma unidade interna no PT. “A reaproximação dos movimentos sociais, em relação ao PT, se acentuou agora, inclusive, com essa decisão”, explica.
Independente dos ataques, o PT, na avaliação do presidente, continua forte. Ele frisa que o partido ganhou a maioria das eleições suplementares que ocorreram esse ano e exemplifica falando de Araripe, no Ceará, onde o partido conseguiu eleger, no último dia 6, Giovane Guedes com quase 73% dos votos. “Apesar das previsões da mídia para 2016, nós podemos ter bons resultados eleitorais”, diz.
O presidente ainda destaca que, em 2015, houveram mais filiações do que desfiliações ao PT e que, em março, acontecerá a Conferência Eleitoral da Legenda.
Ele lista que para a eleição, o partido tirou a meta de manter as prefeituras que administra, sobretudo as capitais e os municípios com mais de 200 mil habitantes, e ampliar o número de prefeituras, atualizar o modo petista de governar e ampliar as chapas de vereadores buscando ter mais candidatas e candidatos oriundos dos movimentos sociais e da juventude. Nas eleições, os candidatos do partido deverão nortear sua campanha pela defesa do projeto petista.
Ele também defende a democratização dos meios de comunicação e falou que o Dia Mensal de Mobilização, iniciativa do Diretório Estadual do PT-SP, tem servido de exemplo para diversos diretórios petistas Brasil afora.
Para 2016, Rui espera que o partido o transforme no ano da esperança, na retomada de um país que continua a ser um exemplo para o mundo, que amplia as relações com os partidos irmãos e retome muitos dos valores de sua fundação, com mais companheirismo, fraternidade, unidade, clareza nas posições políticas, afirmação das ideias do socialismo democrático.
Ao final, o presidente parabenizou a Secretaria de Comunicação do PT-SP pela atuação multimídia e o Diretório pela mobilização que tem feito no Dia Mensal de Mobilização, comprometendo os parlamentares a viajarem pelo Estado defendo o projeto petista.
Por Cláudio Motta Jr., para o portal Linha Direta