A diversidade das histórias de pessoas que compõem o MST

Conheça mais sobre um dos maiores e mais articulados grupos da América Latina, e que corre o risco de ser criminalizado pelo governo Bolsonaro

Lula Marques/PT na Câmara

Marcha MST

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, já ameaçou diversas vezes o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Ele chegou a dizer que em seu governo pretende tratar o MST como uma “organização terrorista”, mesmo que o movimento oficialmente desaprove a luta armada e nunca tenha promovido atentados. Para ajudar a mostrar que as alegações de Bolsonaro não tem sentido, o site El País trouxe um pouco das histórias de pessoas que contribuem para esse grupo ser o maior produtor de orgânicos do Brasil.

Em Laranjeiras do Sul, município do Paraná, mais de 5.600 pessoas tiram sua comida e renda do complexo da reforma agrária. Lá vive Sadi Gomes Amorin, junto com sua esposa e os dois filhos, no Assentamento 8 de Junho. Foi morar lá após passar dificuldades com a família. “Eu estava com 43 anos e desesperado, no fundo do poço. Foi por necessidade”. Ficou acampado por quatro anos, até o INCRA ceder lotes de 12 hectares para cada uma das 74 famílias do assentamento.

A região é conhecida por sua produção de leite. “Mas também tem de grão, que a gente vende para outras cooperativas. E a parte de hortifrúti, feijão, arroz…”, conta Sadi. Os moradores também formaram uma cooperativa que fornece alimentos orgânicos para escolas da região e vendem produtos em uma feira do centro da cidade.

O maior acampamento, fica bem próximo de onde reside Sadi, o Herdeiros da Terra de 1º de Maio abriga 1.240 famílias em lotes divididos pelo MST. Segundo o movimento, a área pertence à madeireira Araupel, mas o local era improdutivo e a maior parte de seus 80.000 hectares foram adquiridos de maneira irregular.

Apesar do conflito com a empresa existir desde os anos 1990, há um acordo de compartilhamento: a madeireira reflorestou uma área com pinus e eucalipto e daí retira sua madeira, ao mesmo tempo os agricultores utilizam a terra para plantar.

Lá reside o casal Claudir Antonio e Maria Bee que há seis meses conseguiram um pedaço de terra. O marido com 57 anos, construiu a casa de madeira com sala, cozinha e dois quartos, enquanto a esposa limpava o terreno e plantava arroz, mandioca, milho e feijão. “A princípio [o que se colhe] é para o gasto, e se sobrar a gente negocia”, conta dona Maria.

Ambos nasceram no campo, mas foram para a cidade grande tentar melhorar de vida . Sr. Claudir trabalhou como pedreiro, dona Maria como faxineira. “A gente tinha um sonho de comprar uma chácara para ter uma vida mais sossegada no final dos tempos”, explica Claudir. Há dois anos voltaram para o campo, se juntaram ao acampamento e esperam que o INCRA o transforme em um assentamento oficial.

A última fase do processo de ocupação é o assentamento. Os militantes do MST ocupam propriedades que estão improdutivas, que são locais de crimes ambientais ou que possuem trabalhadores em situações análogas à escravidão e aí se dá início a esse processo que pode durar décadas. Um dos fundadores do movimento, João Stédile explica que “todas as nossas formas de luta são pacíficas. Temos uma concepção ideológica de que a nossa força está no número de pessoas que mobilizamos. A luta armada não resolve nada”.

O MST convive diariamente com ameaças de grandes proprietários e do agronegócio, como a poderosa Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e a UDR de Nabhan Garcia. Pessoas que insistem em classificar os integrantes do movimento como invasores, mas Stédile afirma que “o Código Penal diz que uma invasão ocorre quando uma pessoa invade a propriedade do outro em proveito próprio, o que se caracteriza em esbulho possessório e, portanto, ele é penalizado, ocupação é quando é feito de forma massiva por muitas pessoas. Não para tirar proveito próprio, mas para fazer pressão política para que o Governo aplique a lei, desaproprie aquela fazenda que não cumpre sua função social, pague uma indenização ao proprietário e distribua aquela terra para reforma agrária”.

As famílias que moram nos acampamentos só podem ser expulsas por uma ação de reintegração de posse autorizada por um juiz. Com o governo Bolsonaro elas temem que isso ocorra com mais frequência, situação que quase aconteceu no Acampamento Quilombo Campo Grande, onde vivem 450 famílias.

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Da Redação da Agência PT de Notícias com informações do El País

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