A farsa do impeachment: golpe de 2016 completa 8 anos

Em vídeo publicado nesta quarta (17), presidenta do PT Gleisi Hoffmann (PR) classifica afastamento de Dilma como “grande erro político”. Inocentada de todas as acusações, ex-presidenta preside hoje banco dos BRICS

Roberto Stuckert Filho

Em 2016, Dilma fez o alerta: “Não se trata de concordar ou não com o governo, mas de combater um golpe de Estado, uma violação constitucional, que poderá mergulhar o Brasil em um doloroso processo de instabilidade"

Em 17 de abril de 2016, uma das votações mais obscuras da história política do Brasil condenou o país a regredir em termos sociais, econômicos, políticos, jurídicos e ambientais. Há exatos 8 anos, a Câmara dos Deputados autorizava a instauração do processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), que culminaria na deposição da primeira e única mulher eleita ao cargo mais relevante da República.

Ainda que Dilma tenha sido posteriormente inocentada de todas as acusações que lhe foram imputadas, o golpe desferido contra a democracia brasileira acertou em cheio a parcela mais vulnerável da população e pavimentou caminho para a ascensão do fascismo.

“E, dali, surgiram grandes problemas que o país enfrentou: a desestabilização democrática, a desestabilização política, a desestabilização econômica, a perseguição de muitos companheiros. Enfim, um atentado à democracia, que resultou na eleição de Jair Bolsonaro”, afirma a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), em vídeo sobre o Golpe de 2016 divulgado, nesta quarta-feira (17), nas redes sociais.

“Nós resistimos. Fizemos de tudo. E dizíamos que nós iríamos voltar. E essa data fica marcada, porque foi o maior atentado contra a democracia brasileira e contra a legitimidade do processo eleitoral de 2014″, conta o deputado federal José Guimarães (PT-CE), também no vídeo.

Em seu perfil oficial no X, o PT compartilhou ainda o pronunciamento histórico de Dilma, às vésperas da votação do impeachment, denunciando o ataque à democracia brasileira e alertando para as consequências do processo subversivo. “Não se trata de concordar ou não com o governo, mas de combater um golpe de Estado, uma violação constitucional, que poderá mergulhar o Brasil em um doloroso processo de instabilidade e insegurança”, advertiu a presidenta, à época.

“Faço uma advertência aos que veem no processo de impeachment um atalho para o poder. Podem justificar a si mesmos, mas nunca poderão, jamais, olhar nos olhos da nação, porque a palavra “golpe” estará para sempre gravada na testa dos traidores da democracia”, completou.

Terra redonda

Na trama golpista contra o governo democraticamente eleito de Dilma Rousseff, protagonizaram figuras notáveis, como o ex-presidente Michel Temer (MDB), o deputado federal, à época senador, Aécio Neves (PSDB), além de Eduardo Cunha (PRD), então presidente da Câmara dos Deputados, responsável por abrir o processo de impeachment.

Enquanto vice de Dilma, Temer conspirou abertamente pela saída da titular da chapa. Depois de capturar o poder para si, realizou um governo completamente contrário à vontade expressada pela população nas urnas e abriu caminho para novas figuras do fascismo. “O governo Bolsonaro vai bem porque dá continuidade ao meu”, disse reiteradas vezes à imprensa.

Adversário de Dilma nas eleições de 2014, Aécio Neves foi derrotado no pleito por uma diferença de mais de 3 milhões de votos, mas não aceitou o resultado. Entrou com um pedido de cassação contra a chapa vencedora no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e passou a sabotar o governo no Congresso. Atualmente, o PSDB, partido de Aécio e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), faz figuração na política nacional como satélite do bolsonarismo.

Cunha, por sua vez, estava filiado ao MDB, mesmo partido de Temer, quando deu sequência ao pedido de impeachment de Dilma. Em outubro de 2016, depois de cassado, ele foi preso pela Lava-Jato e condenado a 16 anos de prisão. Hoje fora da cadeia, o ex-presidente da Câmara filiou-se ao Partido da Renovação Democrática (PRD) e ao bolsonarismo.

Inocentada das chamadas “pedaladas fiscais” ou de qualquer dano ao patrimônio público, por fim, Dilma Rousseff é a atual presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco dos BRICS, em Xangai, na China. O bloco (formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã) responde por 31,5% do Produto Interno Bruto (PIB) global, superando as economias do G7.

Da Redação, com Câmara, Senado, G1, Poder360

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