“A transposição melhorou a vida de muita gente”, diz morador de Jati (CE)
A cidade cearense oferece dias melhores para sua população desde que as obras do projeto do São Francisco começaram. Fenômeno semelhante acontece no interior da Paraíba
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A estátua de Padre Cícero instalada na entrada de Jati, anuncia ao visitante sua chegada ao Ceará. Bem próximo dali, a movimentação de caminhões e vai e vem de pessoas indicam que há uma grande obra em realização por lá. É mais uma etapa do Projeto de Integração do Rio São Francisco, que levará água a todo o Nordeste. Como no interior de Pernambuco, as obras no Ceará e na Paraíba transformaram as cidades e a vida de seus moradores.
Já preparado para a Copa do Mundo, quem dá as boas-vindas aos visitantes é Francisco Jorge da Silva Filho, o Alemão. O movimento em seu bar, logo na entrada de Jati, cresceu bastante. Poderia ser mais, segundo ele. O problema é que faltam agências bancárias na cidade para a população mexer com o dinheiro.
Entretanto, de qualquer forma, o corintiano que viveu em São Paulo por 20 anos, não reclama. “Para a cidade é muito bom e é 100% de benefício”, conta Alemão. Ele decorou seu estabelecimento com bandeiras verde e amerelas e colocou à venda camisas da Seleção Brasileira.
O primeiro morador que cedeu seu terreno para que as obras fossem iniciadas também está lucrando com o Projeto São Francisco. Heráclito Alves Pereira é criador de gado e, segundo ele, a falta de animais fez com que os preços subissem. O quilo da carne bovina subiu de 15 reais para 18 reais. “Com a obra, estamos vendo a evolução acontecer. Isso tudo melhorou a vida de muita gente”, diz Heráclito.
Ao longo da rodovia BR-116 é possível verificar uma movimentação intensa nas pequenas cidades e vilarejos entre o Ceará e a Paraíba. Há sempre grupos de pessoas conversando nas calçadas e nos bares. É o que fazem toda tarde, em Coité, um distrito de Mauriti (CE), Adriano, Alexandre, Adelvás e Jurânio. A conversa gira em torno de três assuntos: futebol, política e, de alguns meses para cá, as obras do Rio São Francisco.
O que parece uma discussão acirrada, acaba em gargalhadas apesar da séria constatação: para todos, as obras da integração do rio foram benéficas. “As empresas estão alugando muitas casas”, diz Adriano Alves Barbosa, dono de uma distribuidora de bebidas.
Ele, assim como Alexandre Furtado, servidor da prefeitura; Adelvas Barbosa, agrônomo, e Jurânio Cartaxo, também funcionário público, concordam que houve crescimento nos empregos na região.
Paraíba – Os efeitos sociais das obras junto à população também são percebidos nas regiões onde acontecem obras na Paraíba. São José das Piranhas é um exemplo disso.
Moradores da cidade, que todos os anos viajavam para o interior de São Paulo para trabalhar no corte de cana, trocaram a antiga atividade para trabalhar na construção no estado. Segundo o comerciante Francisco Hidelbrando de Andrade, o Brando, o êxodo de trabalhadores foi grande, mas diminuiu nos últimos meses.
“Houve casos em que só um dia foram 60 pessoas para o corte de cana, mas com as obras, isso vem acabando”, conta Brando, que possui uma loja de artigos populares, a preferida dos trabalhadores. Por isso, suas vendas aumentaram bastante com a construção. “Cresceu em torno de 40% em três anos, com a transposição”, diz o comerciante, que também é formado em economia e educação física.
O calor intenso de São José das Piranhas não desanima Gilberto Crescêncio da Silva, agricultor. Mesmo com várias outras ocupações, por enquanto, ele optou por vender caldo de cana na principal praça da cidade. Assim como Brando, ele confirma que o êxodo para o corte de cana está diminuindo. Além disso, conta que as obras de integração do Rio São Francisco lhe proporcionaram lucros. “Aumentei as vendas em 30%”, confirma.
Para quem chega a Monte Horebe (PB), o simpático Francisco Ferreira de França é quem dá as boas-vindas. O negociador de sucatas, de 66 anos, está empolgado com o Projeto de Integração do Rio São Francisco que melhorou sua vida e a de muita gente na cidade. “É a maior obra do mundo”, comemora.
Por Edson Luiz (Texto) e Cadu Gomes (Fotos), enviados especiais da Agência PT de Notícias