Acuados, bolsonaristas agora investem contra pesquisas eleitorais

Primeira vítima, por ironia, foi a corretora XP Investimentos, que cancelou a sondagem semanal do Instituto Ipespe. Grupo Prerrogativas manifestou preocupação com o caso

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Bolsonaro tem medo do voto

Mito construído à base de fake news, Jair Bolsonaro não suporta a realidade em números. Muito menos seus seguidores. Como um vampiro que foge da cruz (e da luz), instigou os apoiadores a avançarem furiosos sobre pesquisas que apontam a liderança cada vez mais consistente de Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial. A primeira vítima é, ironicamente, a parceira de mercado financeiro XP Investimentos.

A sondagem semanal encomendada ao Instituto Ipespe, que deveria ser divulgada nesta sexta-feira (10), foi cancelada na quarta (8), após intensa pressão de filhos, ministros, parlamentares e agromilionários, que puxaram movimento de retirada de posições na XP. Atingida no “coração” (o portfolio de clientes), a corretora recuou e retirou do site a pesquisa, anunciando que uma nova seria divulgada com periodicidade mensal.

Na semana passada, a pesquisa mostrava Lula com 45% das intenções de voto, contra 34% de Bolsonaro. Revelava ainda que 35% dos eleitores consideram que a honestidade é um atributo de Lula, e 30% pensam o mesmo sobre Bolsonaro. Também julgavam o ex-presidente mais equilibrado, mais competente, mais inteligente, mais experiente, mais preocupado com as pessoas e com mais ideias novas e modernas que Bolsonaro, dono apenas de “pulso firme”.

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A comparação deflagrou a nova campanha bolsonarista contra os fatos, que o grupo Prerrogativas manifestou “acompanhar com preocupação” em nota encaminhada à coluna de Monica Bergamo na Folha de São Paulo. Conforme a coluna, “a pressão sobre a XP já vinha crescendo paulatinamente e explodiu na semana passada”. As 16 pesquisas patrocinadas pela XP, agora, não devem ser mais de cinco.

No Radar Econômico da revista Veja, o jornalista Carlos Valim mencionou conversas de um grupo de WhatsApp de executivos de marketing dos escritórios de investimentos e do departamento de marketing da XP. O tom das mensagens era crítico.

“Os clientes estão nos metralhando aqui”, teria afirmado uma executiva. Outro comentou que já havia caso de cliente pedindo o fechamento da conta e um terceiro apontou que grandes empresários do agronegócio repassavam memes defendendo o boicote. Foi a gota d’água para o recuo dos diretores da corretora de investimentos.

“Não adianta Bolsonaro brigar com as pesquisas. O que elas dizem é que ele tem de sair e o Brasil tem de mudar”, concluiu a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), em seu perfil no Twitter.

“Os seguidos ataques do atual presidente contra o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal, que inquietam os democratas de todo o País, estenderam-se agora às pesquisas de opinião do eleitorado”, apontam os advogados do Grupo Prerrogativas.

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“Inconformado com o repúdio ao governo e a condenação de sua administração, responsável pelas milhares de mortes por Covid-19, pela carestia, pelo desemprego, pela fome que assola 33 milhões de pessoas, o presidente da República quer impedir que a reprovação apareça, eliminando as sondagens dos institutos de pesquisa, ou, pelo menos, interferindo para, quem sabe, colher resultados mais auspiciosos”, segue a nota.

A entidade de advogados reafirmou a confiança na segurança das urnas eletrônicas e na imparcialidade no TSE na condução do processo eleitoral. E afirmou que, diante da gravidade do fato, “continuará atuando, como sempre fez, em defesa do Estado Democrático de Direito, pela garantia de eleições livres e sem interferência do poder econômico e, tampouco, pela manipulação da vontade do eleitorado e das pesquisas de opinião”.

Da Redação

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