Aécio muda de opinião sobre o Mais Médicos
Após criticar programa e o classificar como “eleitoreiro”, o candidato tucano muda de opinião e agora defende inclusive a presença dos cubanos
Publicado em
O candidato à presidência Aécio Neves (PSDB) criticou diversas vezes o programa Mais Médicos, criado no governo da presidenta Dilma Rousseff (PT). Chegou a chamar a medida de “eleitoreira” e disse que o programa tinha data para acabar. Agora, diante do sucesso do programa no atendimento a 50 milhões de brasileiros, o tucano faz promessas vagas para “melhorar”, como a valorização salarial dos estrangeiros, passando pela alteração da forma de contratação e certificação dos profissionais.
Mas antes de se lançar candidato à presidência, em julho de 2013, o senador classificou a adoção do Mais Médicos como “uma violência sem tamanho” e chamou o programa de “marketeiro” e “eleitoreiro”. As afirmações foram registradas em vídeo publicado no portal do Estadão no youtube (veja vídeo acima).
A acusação foi repetida diversas vezes nos meses seguintes. “O Mais Médicos é 80% propaganda e 20% de efetividade na melhoria do atendimento à saúde”, afirmou o tucano em entrevista ao canal Record News, em janeiro deste ano.
Ao contrário do que diz o candidato do PSDB, o programa beneficia mais de 50 milhões de pessoas desde que foi criado e conseguiu reduzir em 20% o número de encaminhamentos de pacientes de baixa complexidade a hospitais, segundo o Ministério da Saúde.
Em agosto, durante evento com Associação Médica Brasileira (AMB), já em tom mais brando, Aécio disse que respeitará as contratações feitas até aqui pelo programa, mas colocou em xeque a possibilidade de contratações futuras de médicos estrangeiros para atuar no interior do País. “Os médicos estrangeiros são uma solução paliativa. Os cubanos têm prazo de validade, ficarão aqui por três anos”, declarou o tucano.
Até mesmo a qualidade dos profissionais foi questionada. Na última quarta-feira (1º), o assessor responsável pela elaboração do programa de governo de Aécio para a saúde, o deputado Marcus Pestana, declarou em bate-papo com internautas no facebook que os médicos cubanos têm “formação precária” e não são capazes de garantir a qualidade do atendimento.
Os pacientes pensam diferente. Pesquisa realizada em junho e julho pela Universidade Federal de Minas Gerias e divulgada pelo Ministério da Saúde mostra que 95% dos usuários dos serviços públicos de saúde estão satisfeitos com o Mais Médicos.
O levantamento mostra ainda que 86% dos pacientes acha que a qualidade do atendimento melhorou muito com a chegada dos médios estrangeiros. A pesquisa entrevistou quatro mil usuários, em 200 municípios brasileiros, e a maioria expressiva, 96% classificou como competentes os médicos cubanos.
Atendimento qualificado – Criado em 2013, o programa Mais Médicos contratou quase 15 mil profissionais da saúde estrangeiros para atuarem em 3.785 municípios e 34 distritos indígenas, de periferias ou regiões de difícil acesso.
O médico cubano Gregory Hector, veio em novembro de 2013 para atuar no Brasil pelo programa Mais Médicos e garante que não houve nenhuma irregularidade com o contrato que foi acordado antes de sua vinda ao País. Pelo contrário, ele elogiou a transparência e a organização do governo brasileiro em receber os profissionais estrangeiros.
“Tem sido uma experiência fantástica, tanto para minha vida pessoal, quanto profissional. Aqui desempenho um trabalho especial, tenho contato com situações e culturas diferentes e ainda posso me especializar”, disse. O profissional atende diariamente de 25 a 30 pacientes em uma clínica da família na periferia do Rio de Janeiro (RJ).
No período oposto, Hector e os demais profissionais do Mais Médicos locados no RJ, frequentam o curso de especialização em atenção básica na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias, com fotos de Sheyla Leal